O Presidente Filipe Nyusi exonerou, nesta terça-feira, o Secretário de Estado na província de Manica, Stefan Dick Kassotche, Mphiri, que só esteve no cargo durante dez meses.
O anúncio da demissão foi feito através de um comunicado do Gabinete de Imprensa da Presidência da República, o qual, como é hábito, não indica as razões da decisão presidencial.
Mphiri havia sido nomeado para o cargo em Janeiro para substituir Edson Macuacua, que passou a ocupar o cargo de Vice-Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Embora não tenham sido oficialmente tornadas públicas as razões da exoneração, a opinião pública associa-a a declarações polémicas recentemente proferidas por Mphiri durante um encontro público no distrito de Gondola, sobre a questão do desenvolvimento da rapariga, a sua inserção na escola e os impactos negativos dos casamentos prematuros.
Intervindo na ocasião, Mphiri apelou para uma reflexão sobre a legislação que impõe medidas de combate às uniões prematuras.
A legislação visa proteger a rapariga de uniões antes da idade adulta, de modo a permitir que elas se desenvolvam melhor e permaneçam o maior tempo possível na escola. Ela surge da realidade moçambicana, sobretudo nas zonas rurais e menos desenvolvidas, onde crianças de tenra idade se tornam mães, por vezes com homens muito mais velhos que elas.
O apelo de Mphiri à reflexão era no sentido de que tais casos fossem analisados em função do contexto local.
“Há crianças com dez anos que aparentam o corpo de uma mãe de 23 anos”, disse Mpiri, questionando, como exemplo, com quantos anos a Virgem Maria teria ficado grávida de Jesus.
As suas declarações criaram um ambiente de apreensão em meios da sociedade civil que trabalham conjuntamente com o governo para acabar com as práticas tradicionais que prejudicam o crescimento da rapariga, vedando o seu acesso a oportunidades futuras, devido à baixa escolarização.