A Igreja Anglicana comunicou, esta segunda-feira, que Dom Carlos Matsinhe, Bispo da Diocese dos Libombos, vai à reforma este ano, devido ao limite de idade. “Em cumprimento dos limites de serviço episcopal estabelecidos pelos cânones da Igreja Anglicana de Moçambique e Angola, o 11º Bispo da Diocese dos Libombos, vai à reforma neste mesmo ano de 2024”, assinala um documento daquela congregação, que o SAVANA teve acesso.
Dom Carlos Matsinhe completa 70 anos de idade, a 2 de Outubro próximo, atingindo, deste modo, o limite para o exercício daquele cargo. Esta acaba sendo uma solução airosa ao braço-de-ferro, que travava com a sua congregação, devido a forma como conduziu o processo eleitoral autárquico de 11 de Outubro passado, consideradas fraudulentas em vários sectores da sociedade.
Regra geral os Bispos vão à reforma depois de completar os 70 anos, mas, ao que tudo indica, o processo de reforma de Matsinhe será acelerado para que esteja fora da liderança da Diocese dos Libombos até 9 de Outubro próximo, a data da realização das eleições gerais.
A nota da Igreja Anglicana diz ainda que um calendário conducente à data de celebração de acção de graças e despedida será anunciada oportunamente. No entanto, exorta as paróquias e congregações que têm crentes que esperam receber, este ano, sacramento de confirmação para que criem condições, visando a administração do sacramento nos próximos cinco meses, ou seja, até Julho.
A carta da Igreja Anglicana em Moçambique assinala igualmente que a Igreja sofreu um abalo no passado, sem se ferir qual, salientando que pretende restabelecer a união no seio da congregação religiosa, tendo para o efeito escolhido um tema para o presente ano em torno do qual deverão se realizar as actividades.
“Tendo em conta o abalo e inquietação que afectam a todos nós e a Igreja em geral depois de reflexão, auscultação e oração decidimos que o tema do ano em curso no resgate de maior união, entre o clero, os leigos e toda a igreja. Neste sentido o tema é: Onde há união, o Senhor ordena bênção e vida para sempre, retirada do livro de Salmos”.
Apesar do documento não fazer referência a causa do referido abalo, a verdade é que a autoridade religiosa de Dom Carlos Matsinhe foi posta em causa pelos crentes da Igreja Anglicana, desde que se absteve, na madrugada do dia 26 de Outubro, na votação que chancelou os resultados finais das eleições autárquicas de 11 de Outubro.
Recorde-se que os Bispos da Igreja Anglicana de Moçambique e Angola apelaram através de numa nota pastoral a Carlos Matsinhe para que guiasse as suas decisões na Comissão Nacional de Eleições (CNE) com base na verdade e no cumprimento da lei. Mais tarde os mesmos bispos solicitaram a resignação de Matsinhe do cargo, facto que não aconteceu.