A Comissão Política (CP) da Frelimo empurrou a reunião do Comité Central (CC) para os dias 05 e 06 de Abril, mas adensam dúvidas quanto à possibilidade de eleição do candidato presidencial no encontro, o que faz crescer “grande nervosismo” nas hostes partidárias.
Ao que o SAVANA apurou, há crescentes sinais de que reunião do CC, agendada para princípios de Abril, não irá eleger o candidato presidencial para as eleições de 09 de Outubro próximo. Teorias de conspiração, que avultam nos corredores do partido, sobretudo em períodos de sucessão, dão conta de que o candidato poderá sair numa reunião extraordinária do CC, expressamente convocada para eleger o candidato.
Os Estatutos da Frelimo, consultados pelo SAVANA, dão conta, no seu número 1 do artigo 72, que o Comité Central se reúne ordinariamente uma vez por ano, por convocação da Comissão Política. Mas no seu número 2 assinala que: “O Comité Central reúne-se, extraordinariamente, quando convocado pela Comissão Política, pelo Presidente do Partido, ou a pedido de, pelo menos, um terço dos seus membros ou dos Comités Provinciais”. É, aparentemente, aqui, dizem, onde entra o conforto estatutário para a “operação Maio”.
Nas entrelinhas, Ludmila Maguni, porta-voz do partido, já havia dado a indicação, quando questionada nesta segunda-feira sobre a indicação, pela Comissão Política, dos pré-candidatos a candidato do partido às eleições presidenciais do dia 09 Outubro, que o assunto não foi tema da sessão da CP.
“Nós sempre dissemos que se houver uma decisão, iremos informar”, declarou, quando reportava sobre os resultados da reunião da Comissão Política, desta segunda-feira, que também procedeu alterações ao nível dos chefes das brigadas centrais da Frelimo.
Maguni disse que a reunião do CC vai analisar os relatórios de actividades da Comissão Política e da Comissão de Verificação.
Candidato em Maio
Porém, é líquido que o candidato deve sair até Maio, altura em que as candidaturas presidenciais devem ser depositadas no Conselho Constitucional.
Segundo o calendário divulgado pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), as candidaturas presidenciais são feitas ao Conselho Constitucional 120 dias antes da data prevista para as eleições. Ou seja, de acordo com o calendário da CNE, o processo de submissão das candidaturas vai decorrer de 13 de Maio a 11 de Junho. É aqui, segundo apurámos, que entrará o “jogo político” que estará a ser cozinhado no campo Filipe Nyusi. A ideia é arrastar o processo até Maio. Porém, os mais optimistas acham que tecnicamente “é impossível”, que o candidato não saia na reunião de Abril, tendo em conta o tempo para a preparação da documentação da candidatura a ser depositada no Conselho Constitucional. “É um dossier burocrático complexo”, enfatizam
Mas também apurámos que a reunião da CP, onde participaram os primeiros secretários provinciais, um dos critérios propostos é de que o candidato da Frelimo deve ter pelo menos dois mandatos da Comissão Política. O artigo 76 dos Estatutos da Frelimo afirma que a Comissão Política se reúne, pelo menos duas vezes ao ano, com os primeiros secretários dos comités provinciais, com o objectivo de realizar análises sobre questões da vida nacional, internacional e do partido, tomar decisões e propor linhas de actuação ao Comité Central.
Contudo, este critério (dois mandatos na CP) mataria à partida boa parte dos nomes que estão a ser avançados, sobretudo, nos corredores do partido e na comunicação social. Os poucos “presidenciáveis” que têm dois anos de CP é José Pacheco, Luísa Diogo e Aires Ali. Mas de outras fontes soubemos que este critério foi colocado de lado.
O SAVANA também soube que está previsto um retiro da CP este fim de semana, onde os membros do órgão mais importante do partido no intervalo entre as reuniões do Comité Central deverão falar sobre o perfil e critérios para a escolha do candidato presidencial.
Mas uma fonte de dentro do partido disse, à hora do fecho desta edição, que é pouco crível que tal aconteça, tendo em conta que o Presidente Filipe Nyusi está de visita à Argélia e regressa a Maputo no dia 02 de Março. Igualmente, o secretário-geral do partido, Roque Silva, viaja este sábado para África do Sul, para uma visita de trabalho, que termina no próximo dia 06 de Março.
Silva, que deverá manter encontros com figuras do ANC, far-se-á acompanhar dos secretários do Comité Central para Administração e Finanças, Sónia Macuvel, da Comunicação e Imagem, Ludmila Maguni, os primeiros secretários provinciais de Gaza, Daniel Matavele e da província de Maputo, Avelino Muchine. Os secretários-gerais da OMM e OJM, Mariazinha Niquisse e Silva Livone também fazem parte da comitiva.
TPC
O jornal apurou igualmente que numa das reuniões da CP, o Presidente Filipe Nyusi terá dado “um TPC” a cada um dos membros para pensarem no “perfil” do candidato que pretendem. É um exercício que poderá ser amadurecido no referido retiro. Mas também alguns dos membros da CP terão encorajado o Presidente Nyusi para que “crie a sua própria fórmula”, tal como o fizeram os seus antecessores.
“É uma espécie de carta branca para que o Presidente coloque em cima da mesa os seus nomes”, disse a fonte.
Também, num cenário em que a oposição está moribunda, sobretudo, o líder do maior partido da posição, o candidato da Frelimo para as eleições presidenciais de 9 de Outubro, será praticamente o próximo presidente de Moçambique.