As receitas provenientes da exportação de gás natural aumentaram em USD 1 184,1 milhões para USD 1726,1 milhões, um incremento associado ao início da exploração e exportação do gás da área 4 da bacia do Rovuma, que, no período em análise, atingiu mais de 90 % da sua capacidade de produção, apesar de o preço médio no mercado internacional ter decrescido em 62,8 %.
Esta indicação vem expressa no “Relatório Anual da Balança de Pagamentos (BoP)”, produzido pelo Banco de Moçambique (BdM), referente ao exercício de 2023. Em 2022, as receitas de exportação de gás estavam nos 541,6 milhões de dólares.
O sector que também viu as suas exportações crescerem foi da exportação da energia eléctrica. O documento do BdM aponta que as receitas de exportação aumentaram em 87,2 milhões de dólares ao saírem de US D571 milhões em 2022, para USD 658,2 milhões em 2023.
“No caso da energia eléctrica, o aumento decorreu, essencialmente, da actualização em alta do preço da tarifa aplicada aos principais clientes, pela principal empresa exportadora deste recurso, num contexto de contracção do volume exportado”, sublinha o relatório do BdM.
Quedas
No entanto, em sentido contrário, estiveram as receitas provenientes da exportação de lingote de alumínio, carvão mineral e areias pesadas, que decresceram em 33,1 %, 22 % e 8,4 %, respectivamente.
A exportação de Lingote de alumínio obteve receitas avaliadas em USD 1 100,5 milhões, uma queda em USD 545,2 milhões comparativamente ao ano de 2022.
Segundo o documento do Banco de Moçambique, este facto ficou a dever-se ao efeito combinado da queda do preço e do volume exportado.
“A redução do volume exportado é consequência da diminuição da produção, influenciada, pela avaria registada nos equipamentos. Por sua vez, a queda do preço médio do alumínio no mercado internacional foi de 16,7 %”, argumenta o documento do Banco Central.
A exportação do carvão mineral também registou um decréscimo em 2023 ao render ao país apenas cerca de USD 2 225,6 milhões, menos USD 626,6 milhões face ao ano de 2022.
O decréscimo, segundo justificação apontada pelo BdM, deveu-se, fundamentalmente, à desaceleração do preço no mercado internacional em 53 %, enquanto o volume exportado incrementou em 9 %.
“O acréscimo do volume deste mineral está relacionado ao aumento da produção do carvão metalúrgico (produto com maior valor comercial no mercado internacional) em 53,9 %, pela principal empresa mineradora.
O documento do BdM lembra que desde o ano de 2022, o carvão metalúrgico tem sido o menos transaccionado devido a questões geológicas enfrentadas pela principal mina no processo de extracção.
Também as areias pesadas registaram quedas nas exportações, um decréscimo que ficou a dever-se ao efeito combinado da descida do preço no mercado internacional e do volume exportado, em 9,7 % e 4,0 %, respectivamente.
“A diminuição do volume destes minérios foi explicada tanto
pela redução dos níveis de produção, como pelos desafios no processo de escoamento, enfrentados pela principal mina, ambos derivados das condições climatéricas desfavoráveis registadas ao longo do período em análise”.
Rubis em alta
O documento do BdM assinala igualmente que, excluindo os grandes projectos, os ganhos com a venda de produtos da economia moçambicana para o exterior decresceram em 2,7 %, alcançando USD 2 051,4 milhões. Destaca-se a queda nas receitas das reexportações e bunkers (instrumentos financeiros), e produtos agrícolas (legumes e hortícolas, banana e algodão), que registaram reduções de USD 155,7 milhões e USD 59 milhões, respectivamente.
O relatório que temos estado a fazer referência assinala também que as vendas de legumes e hortícolas e banana registaram uma redução de 33,2 % e 22,1 %, tendo-se fixado em USD 149,5 milhões e USD 32,3 milhões, respectivamente, como resultado do decréscimo do volume exportado.
“De referir que, a diminuição do volume está relacionada às condições climatéricas desfavoráveis que assolaram o país, principalmente, no primeiro trimestre do ano, afectando a produção e o escoamento dessas culturas para a África do Sul, um dos principais mercados”, sublinha o documento.
Do lado do Açúcar, as receitas provenientes da exportação deste produto atingiram USD 24,1 milhões, reflectindo uma contracção de 57,8 % em comparação com o mesmo período de 2022. A queda nas receitas, acrescenta o documento, deve-se, principalmente, à redução no volume exportado, causada pela fraca disponibilidade da cana-de-açúcar.
Na componente amêndoa de caju, as vendas deste produto registaram uma diminuição de 14,2 %, tendo-se fixado em USD 20,4 milhões, explicada pela queda no volume exportado. O relatório do BdM salienta que o volume exportado é justificado, principalmente, pela diminuição do número de unidades de processamento de castanha actualmente em operação no país.
Outro produto tradicional de exportação, que viu as suas vendas em queda, foi o algodão, que rendeu ao país apenas cerca de USD 34,3 milhões, menos 6,3 % em relação a 2022.
“O decréscimo das receitas está associado, fundamentalmente, à queda do preço da fibra de algodão no mercado internacional em 27%, num contexto em que o volume exportado incrementou em mais de 100 %”, frisou.
Contudo, o documento em referência afirma que o decréscimo das receitas de exportação dos produtos tradicionais foi refreado pelo incremento das receitas de rubis, castanha de caju e tabaco.
As receitas provenientes da exportação de rubi situaram-se em USD 228,1 milhões, representando um incremento de 22,7 %, “como resultado da boa performance nos leilões internacionais”, traduzido pelo aumento da oferta daquele minério no mercado internacional com a entrada de uma nova empresa exploradora no mercado moçambicano.
As receitas da castanha de caju situaram-se em USD57,3 milhões,
um acréscimo de 10,9 %, justificado pelo aumento do volume exportado.
O tabaco viu os seus ganhos a crescerem em USD 154,2 milhões, mais de 2,4 % em relação a 2022. Esta subida é explicada pelo incremento do preço médio internacional em 11,2 %, enquanto o volume exportado registou um decréscimo de 7,8 %.
“De referir que, a redução do volume exportado é consequência de problemas logísticos relacionados ao atraso no escoamento da mercadoria”, sublinha o documento do BdM consultado pelo SAVANA.