Christian Malanga, um congolês que vivia no exílio, citado como possível líder da tentativa de golpe de Estado na República Democrática de Congo (RDC), tinha negócios em Moçambique, ligados à actividade mineira.
Ao que o SAVANA apurou, compulsando vários Boletins da República (BR), Malanga era sócio da Bantu Mining Campany, uma empresa envolvida em actividade mineira, criada em Julho de 2022.
Christian Malanga, identificado como congolês no acto de registo de empresa em Moçambique, detinha 33,3% da empresa da Bantu, contra 33,4% de Cole Ducey, americano, e 33,3% de Benjamim Polun, também americano.
No entanto, quatro meses depois, os três accionistas decidiram mudar a estrutura, tendo Cole Ducey passado a controlar 99,72%, contra 0,14% de Malanga e igual porção para Polun. A empresa dedica-se a pesquisa e exploração mineira, compra e venda de minérios.
Os três registaram também a Global Solutions Moçambique, onde Malanga controlava 55%, contra 45% de Polun. A firma registada em Chimoio, província de Manica, em Setembro de 2022, actua na área de mineração, construção civil, segurança, educação e saúde.
Em Abril de 2022, Malanga, Polun e Ducey abriram a CCB Mining Solutions, onde cada um controlava 33,33% das acções, também envolvida em actividade mineira.
Nascido em 1983 na então República do Zaire, Malanga cresceu em Ngaba, em Kinshasa, e morou na África do Sul e na Suazilândia antes de se estabelecer nos Estados Unidos.
Apontado como líder do Movimento Novo Zaire, Malanga teria morrido durante a acção, segundo a imprensa congolesa.
“Uma tentativa de golpe de Estado foi cortada pela raiz pelas forças de defesa e segurança”, informou, no domingo, o porta-voz das Forças Armadas do país, Sylvain Ekenge, numa breve mensagem transmitida pela televisão pública e disseminada pelos media internacionais.
Os agressores, “congoleses e estrangeiros”, foram presos e a situação está sob controlo, disse Ekenge.
Durante a madrugada, o activista da diáspora congolesa Christian Malanga, que afirma ser um ex-militar, publicou vários vídeos ao vivo na sua página do Facebook mostrando um grupo de homens armados em uniforme militar no saguão e nos jardins do Palácio da Nação, a residência do Presidente Félix Tshisekedi.
Segundo fontes locais, Malanga foi abatido pelas autoridades durante essa incursão em edifícios oficiais.
Os agressores queimaram bandeiras do país enquanto carregavam bandeiras do Zaire, o antigo nome da República Democrática do Congo.
“Aproveitem a libertação do nosso novo Zaire”, gritou Malanga em inglês, enquanto os outros homens também falavam em francês e lingala, uma língua bantu usada no noroeste da RDC e em grande parte do vizinho Congo.
Os agressores alegaram ser da diáspora e ter trazido os seus filhos com eles, além de estarem a lutar para tirar Tshisekedi do poder, de acordo com a imprensa local.
Os homens armados também invadiram a residência do vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças da RDC, Vital Kamerhe, num ataque que deixou pelo menos três mortos: dois polícias encarregados da segurança do político e um agressor.
“Kamerhe e a sua família estão sãos e salvos. A sua segurança foi reforçada”, declarou o porta-voz do ministro, Michel Moto, numa mensagem publicada nas redes sociais.
A embaixada norte-americana na RDC anunciou que está a investigar o suposto envolvimento dos cidadãos americanos na tentativa de golpe.