Os Bispos Católicos de Moçambique juntaram a sua voz à vasta onda de indignação e de condenação ao assassinato do advogado Elvino Dias e do seu acompanhante, o mandatário do partido PODEMOS, Paulo Guambe, considerando ainda que os resultados eleitorais não espelham integralmente a vontade dos eleitores.
Numa nota pastoral divulgada na Terça-Feira, os Bispos consideram que o assassinato se assemelha no método a “outros assassinatos de figuras políticas ou da sociedade civil (…) ocorridos na sequência de eleições anteriores”.
Tendo reflectido sobre as últimas eleições de 9 de Outubro, os Bispos consideram que elas foram marcadas por “fraudes grosseiras”, que se caracterizaram pelo “enchimento de urnas, edictais forjados e tantas outras formas de encobrir a verdade”.
Acrescentam que “as irregularidades e fraudes, a grosso modo impunemente praticadas, reforçaram a falta de confiança nos órgãos eleitorais, nos dirigentes que abdicam da sua dignidade e desprezam a verdade e o sentido de serviço que deveria nortear aqueles a quem o povo confia o seu voto”.
Questionando se face ao que consideram de “dados adulterados” poderão os órgãos eleitorais certificar os resultados já parcialmente divulgados, os Bispos defendem que tal constituiria a certificação de uma mentira, o que se configura em fraude.
Os Bispos apelam ainda para que as autoridades respeitem o direito constitucional dos cidadãos à manifestação pacífica, alertando os jovens “para que não se deixem instrumentalizar e serem arrastados em acções de vandalismo e desestabilização”.