Numa altura em que manifestações atingem o pico praticamente em todo país, a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, acusou, nesta segunda-feira, Venâncio Mondlane de proferir discursos que transformam protestos em “actos de vandalismo, violência e roubo”, pedindo à comunidade internacional apoio para restabelecer a “estabilidade”.
“Os discursos do candidato Mondlane e seus correligionários criaram o ambiente propício para a transformação das manifestações, em actos de vandalismo, roubo e violência que se propagou um pouco por todo o país e que resultou na morte de algumas pessoas, prisões, saques e destruição de infra-estruturas e propriedade alheia”, considerou Verónica Macamo.
Numa reunião com o corpo diplomático acreditado em Moçambique, Verónica Macamo acusou Mondlane de convocar manifestações que “desembocaram em violência, morte e destruição de infra-estruturas públicas”.
“Os moçambicanos, na sua maioria e sobretudo os de baixa renda, estão a pagar uma factura bastante pesada, chegando a passar fome porque muitos vivem do comércio informal. Preocupa-nos o uso de cidadãos, muitos dos quais adolescentes, para praticarem actos criminais, que ofendem as normas legais e os bons costumes do nosso povo”, enfatizou a governante.
Verónica Macamo acrescentou também que as manifestações convocadas por Venâncio Mondlane “desencorajam investidores” com consequências para um “maior empobrecimento” de pessoas consideradas de baixo rendimento.
“Reafirmamos aos parceiros da comunidade internacional que, apesar da situação do ambiente conturbado pós-eleitoral caracterizada por tensões, o Governo está empenhado na estabilização da situação. Pedimos aos nossos parceiros de cooperação para nos ajudarem no restabelecimento da calma, serenidade e estabilidade”, frisou Macamo.
Venâncio Mondlane apelou a uma greve geral e manifestações durante uma semana, a partir de 31 de Outubro, e marchas sobre Maputo em 07 de Novembro.
Mondlane, candidato presidencial suportado pelo Podemos, designou esta como a “terceira etapa” da contestação aos resultados das eleições gerais de 09 de Outubro. Estes protestos seguem-se aos convocados nos passados dias 21, 24 e 25 de Outubro, que provocaram confrontos com a Polícia, de que resultaram pelo menos 10 mortos, dezenas de feridos e 500 detidos.