O Hospital Central de Maputo (HCM) está a funcionar em “situação crítica”, reconhece a direcção da maior unidade sanitária do país. Face à agitação pós-eleitoral, agudizada com a proclamação dos resultados pelo Conselho Constitucional (CC), que deram vitória a Daniel Chapo e a Frelimo, o HCM não consegue receber alimentos ou profissionais de saúde.
“Estamos a atravessar um momento crítico no HCM, com um número de doentes por trauma maior, em relação aos outros anos, nesta época, e um número de profissionais de saúde reduzido”, assinalou a directora clínica substituta daquela unidade, Eugénia Macassa.
A dirigente fazia o balanço, nesta quarta-feira, das últimas 24 horas, reconhecendo um défice actual de 200 profissionais ao serviço e equipas a trabalhar sem parar há “48 e 72 horas”.
“Esta redução do número de profissionais de saúde deve-se à dificuldade que existe em chegar à unidade sanitária. Por isso voltamos a apelar que haja permissão para que os trabalhadores de saúde e as ambulâncias passem e assim possamos prestar os cuidados de saúde que os doentes que chegam ao hospital central precisam”, frisou acrescentou a médica.
O Serviço de Urgências de adultos do HCM recebeu 161 pacientes nas últimas 24 horas, dos quais 117 por trauma, o dobro face ao mesmo período de 2023, incluindo 62 feridos por armas de fogo, dois dos quais acabaram por morrer ao chegar ao hospital “num estado crítico”.
O HCM tem capacidade de 1.500 camas. Actualmente estão internados 900 pacientes. No entanto, Eugénia Macassa reconheceu também “problemas sérios de alimentação” na unidade hospital.
“Porque os nossos fornecedores também não conseguem chegar à unidade sanitária. Por não conseguirem chegar à unidade sanitária não conseguimos ter os alimentos que precisamos para alimentar os nossos pacientes”, frisou, reconhecendo a possibilidade de o hospital deixar de fornecer comida: “Corremos esse risco se não recebermos alimentos nas próximas horas”.
Macassa frisou também que o bloco operatório está a “funcionar há 24 horas sem parar”. Também há dificuldade no ‘stock’ de sangue, com apenas 111 bolsas, de 0,45 litros, para necessidades diárias, fora deste período do ano, que rondam uma centena.