O Ruanda rompeu relações diplomáticas com Bélgica, acusando este país europeu de uma campanha hostil, através de “manipulação e mentiras”, sobre o papel de Kigali na guerra do leste da RDCongo.
“O Governo do Ruanda notificou hoje a Bélgica da sua decisão de cortar relações diplomáticas”, refere-se numa nota de imprensa.
“Essa decisão foi tomada após uma cautelosa análise de vários factores, todos ligados a tentativas lamentáveis da Bélgica de alimentar uma ilusão neocolonialista”, diz a nota.
O Ruanda acusa, no comunicado, aquele país europeu de tentar minar a reputação de Kigali antes da erupção do conflito no leste da RDCongo, mantendo essa postura negativa até agora.
Kigali assinala que a Bélgica tem uma história de violência na RDCongo, durante o seu passado de potência colonizadora deste território.
“Hoje, a Bélgica ficou com um dos lados do conflito regional e faz, sistematicamente, uma mobilização contra o Ruanda, em vários fóruns, usando mentiras e manipulação para gerar uma opinião hostil contra o Ruanda, numa tentativa de desestabilizar o Ruanda e a região”, prossegue a nota.
Acusa ainda o país europeu de ter fomentado condições para o genocídio que dizimou tutsis e hútus moderados naquela nação africana, em 1994.
Bruxelas também acolheu negacionistas do genocídio e propagandistas ruandeses de ideologia extremista.
“A decisão hoje tomada pelo Ruanda reflecte o compromisso do país em preservar os seus interesses nacionais, a sua dignidade e os princípios da soberania, paz e respeito mútuo”, diz a nota.
Todos os diplomatas belgas devem deixar Kigali em 48 horas, em conformidade com a Convenção de Viena, que regula as relações diplomáticas, avisa o Governo ruandês.
Kigali assegura a protecção do pessoal diplomático, as instalações e arquivos da Embaixada da Bélgica em Kigali.
O Ruanda é acusado por várias entidades internacionais, incluindo pelas Nações Unidas, de apoiar os rebeldes do M23, que ocuparam as duas principais cidades do Leste da RDCongo, território rico em recursos naturais.
Aquele país africano está envolvido no combate aos insurgentes que protagonizam ataques armados na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, rica em gás natural.