As receitas do projecto de gás natural liquefeito (GNL) Coral Sul, na Bacia do Rovuma, província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, vão representar perto de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, disse Claudio Descalzi, CEO da ENI, petrolífera italiana que dirige o consórcio do projecto.
“Para este ano, as projecções indicam que o mesmo projecto poderá representar até 70% por cento do crescimento do PIB de Moçambique”, afirmou Descalzi, citado em comunicado emitido pela Presidência da República.
A nota foi divulgada após um encontro entre o chefe de Estado moçambicano, Daniel Chapo, e o CEO da ENI.
Em 2024, o projecto Coral Sul contribuiu em 50% no Produto Interno Bruto (PIB). A nota de imprensa avança ainda que o executivo moçambicano autorizou o Plano de Desenvolvimento do Coral Norte FNLG, na Bacia do Rovuma, um empreendimento para a produção de gás natural liquefeito (GNL), avaliado em 7,2 biliões de dólares, anunciou hoje a petrolífera italiana ENI.
“A Coral Norte é o futuro e o Presidente [da República, Daniel Chapo] nos trouxe notícias muito interessantes e importantes, porque obtivemos a autorização para o Plano de Desenvolvimento, com todos os termos concordados”, disse o CEO da ENI, Claudio Descalzi, em declarações aos jornalistas, após ser recebido pelo chefe de Estado.
A luz verde dada por Maputo “significa que a Coral Norte é uma coisa real agora”, afirmou Descalzi.
O CEO da ENI sublinhou que a autorização oficial é um passo decisivo, que permitirá aumentar a produção de GNL, a partir da Área 4 da Bacia do Rovuma.
No encontro desta quarta-feira, as duas partes reafirmaram
a sólida parceria entre Moçambique e a empresa energética e abordaram a implementação de novas iniciativas de desenvolvimento agrícola com forte potencial de criação de empregos.
A reunião foi igualmente uma oportunidade para abordar a estratégia da ENI em diversificar as suas actividades no país, com ênfase na agricultura para produção de biocombustíveis sustentáveis.
“Temos outro ponto muito importante para o país, que é a agricultura.
A aposta na agricultura não só contribui para a transição energética, como tem um forte impacto no emprego rural”, afirmou Claudio Descalzi.
Descalzi enfatizou o carácter intensivo da actividade agrícola e a criação de emprego.
“Você produz um enorme número de trabalhos. Normalmente, trabalhamos com 150 mil hectares e produzimos em torno de 130 mil toneladas por ano, mas essa quantidade de terra e produção de agricultura pode impactar em um nível de 120 mil trabalhos. Então é enorme”, frisou o CEO da ENI.
A petrolífera italiana já desenvolve este modelo em mais de seis países africanos e pretende replicar a experiência em Moçambique, em estreita coordenação com o Governo, acrescentou.
“Se você está trabalhando com 300 mil hectares, você pode produzir cerca de 300 mil trabalhos. É uma revolução. E o Presidente está muito focado na agricultura, está muito focado nas criações de trabalhos”, sublinhou Claudio Descalzi.
“Claramente, o desenvolvimento do gás é importante, mas o desenvolvimento do gás é capital intensivo. Você investe muito, mas depois você tem trabalhos especializados, e você pode empregar mil ou duas mil pessoas. Mas com a agricultura, você emprega mais de 100 mil pessoas”, salientou.
Durante o encontro, foi também analisada a contribuição da ENI para a transição energética em Moçambique, incluindo projectos de compensação de carbono, como o programa de Cozinha Limpa, que promove soluções mais eficientes em termos energéticos, e outras acções no âmbito do programa REDD+.