A Universidade Eduardo Mondlane (UEM), através do Centro de Informática (CIUEM), realizou nesta terça-feira uma mesa-redonda sobre o papel da instituição no desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em Moçambique. A sessão enquadra nas celebrações dos 50 anos da Independência Nacional.
No evento, foi reconhecida a contribuição histórica da universidade para o avanço digital do País.
Durante a sessão, antigos directores do CIUEM partilharam depoimentos pessoais, experiências vividas, testemunhos e reflexões sobre o percurso das TIC em Moçambique. Foram igualmente prestadas homenagens institucionais aos ex-dirigentes do centro, numa celebração do seu contributo para a estruturação e o crescimento do sector das tecnologias de informação no País.
“Nenhum percurso institucional se faz sozinho. Hoje celebramos, sobretudo, as pessoas que imaginaram antes do tempo, construíram com poucos recursos, persistiram quando o caminho parecia impossível e prepararam o terreno para que hoje tenhamos esta transformação digital em curso na Universidade”, afirmou o reitor da UEM, Manuel Guilherme Júnior, no discurso de abertura. O reitor destacou o papel do Professor Doutor Venâncio Simão Massingue, antigo director do CIUEM, vice-reitor da UEM, engenheiro, estratega e mais tarde Ministro da Ciência e Tecnologia em 2005.
Guilherme Júnior acrescentou que o encontro constitui um convite para “reflectir sobre o caminho percorrido, os desafios enfrentados e as visões que permitiram chegar até aqui”. Sublinhou que, ao longo dos últimos 50 anos, a UEM desempenhou um papel decisivo na construção das bases tecnológicas que hoje sustentam sistemas informáticos, redes académicas, iniciativas de formação e infra-estruturas digitais no País.
O CIUEM, além de ser um centro de suporte tecnológico da universidade, contribuiu significativamente para a “soberania digital” de Moçambique. Fê-lo através da incubação de negócios tecnológicos, da capacitação de estudantes em TIC e de apoio técnico especializado, razões pelas quais o Reitor considera que “o centro é referência nacional e intercontinental por ter, ao longo dos anos, líderes corajosos, visionários e comprometidos com o serviço público”.
O encontro ocorre numa fase em que a UEM se encontra num processo de reposicionamento estratégico, alinhando-se aos modelos modernos de universidade orientada para a investigação, transferência de conhecimento e impacto social.
“Este caminho exige infra-estruturas tecnológicas resilientes, sistemas interoperáveis, serviços digitais acessíveis, redes estáveis, cultura de inovação e elevados padrões de ética digital”, destacou o Reitor.
De referir que criação do CIUEM marcou um ponto de viragem nas infraestruturas digitais em Moçambique, especialmente, porque em anos anteriores boa parte do tráfego de Internet dependia de servidores fora do País.
O CIUEM surgiu como resultado de um processo histórico impulsionado, sobretudo, pelo professor António César de Freitas, um académico doutorado pela Universidade de Cambridge e especialista em análise numérica, cuja experiência com alguns dos primeiros computadores modernos e o seu envolvimento no ensino superior moçambicano tornaram-no uma figura central na introdução e no desenvolvimento da informática na então Universidade de Lourenço Marques.
O evento reuniu antigos directores do CIUEM, representantes governamentais, académicos, especialistas da comunidade tecnológica nacional e parceiros de cooperação que, ao longo das últimas décadas, desempenharam papel decisivo na expansão e consolidação do ecossistema digital moçambicano.
