Os juros da dívida de Moçambique conheceram a maior queda desde 2018, depois de o presidente da República, Daniel Chapo, ter anunciado que o governo espera negociar um novo programa com o Fundo Monetário Internacional (FMI), escreve a Bloomberg, agência norte-americana de notícias sobre economia.
“Os títulos da dívida de Moçambique tiveram a melhor prestação entre as economias emergentes, depois de o presidente do país anunciar que espera alcançar o acordo de um novo programa com o Fundo Monetário Internacional, no início do próximo ano”, refere a Bloomberg.
Os juros do Eurobond caíram para 12,5%, registando a maior queda desde 2018, assinala.
A “performance” culminou, por um momento, com a saída de Moçambique da zona de penumbra em que se encontrava desde as convulsões eleitorais do ano passado.
A queda reacendeu a atenção dos mercados internacionais e abriu uma janela de confiança, num momento em que o país procura recuperar estabilidade económica.
“Não é uma mudança estrutural, mas é a primeira vez, em muito tempo, que sentimos um alívio que não nasce do acaso”, comentou um gestor em Maputo.
Um economista da UEM alerta que “os mercados são extremamente sensíveis a sinais de disciplina” e “mesmo antes de reformas concretas, o simples gesto político de retomar um diálogo formal com o FMI é interpretado como vontade de corrigir o rumo”.
“É uma promessa de estabilidade, não a estabilidade em si”, acrescenta.
A Bloomberg cita a contratação pelo governo da consultora Alvarez & Marsal, vista no sector financeiro como um movimento de maturidade institucional e como sinal do compromisso com um processo de reestruturação da dívida mais técnico, transparente e mais alinhado com práticas internacionais.
A queda dos juros não resolve os problemas do país, mas ajuda a aliviar a pressão psicológica que domina os meses de incerteza.
Nos corredores dos Bancos comerciais, onde a prudência sempre se adiantou ao optimismo, começa agora a surgir a ideia de que este ciclo político traz uma recomposição gradual das relações entre Moçambique e os seus credores.
Um gestor de um grande Banco sul-africano, que acompanha a carteira moçambicana há quase uma década, descreve a mudança em termos simples: “O país passa a parecer menos imprevisível (…). Se o governo conseguir passar das intenções às estruturas, o preço da dívida ainda pode recuar mais”, frisa.
