O chefe do gabinete de assuntos humanitários da ONU nos territórios palestinianos ocupados revelou que “há vidas por um fio” e que o tempo escasseia antes de se enfrentar “uma catástrofe de grandes proporções”.
Os camiões que transportam ajuda humanitária necessária através da passagem de Rafah, a partir do Egipto, podem deixar de funcionar a partir desta terça-feira, 14 de Novembro, devido à falta de combustível, alertou um alto funcionário humanitário da Organização das Nações Unidas (ONU) citado pelo jornal The Guardian.
Andrea De Domenico, chefe do gabinete de assuntos humanitários da ONU nos territórios palestinianos ocupados, disse que “há vidas por um fio” em Gaza, incluindo as dos bebés nas incubadoras dos hospitais que dependem do combustível para ter electricidade.
“Cessar-fogo humanitário, abastecimento de combustível – tudo isto deveria estar a acontecer agora. Estamos a ficar sem tempo antes de enfrentarmos uma catástrofe de grandes proporções”, afirmou De Domenico.
O responsável declarou que, no domingo, 76 camiões entregaram ajuda a Gaza através da travessia de Rafah.
“Na verdade, em vez de um aumento muito necessário desta assistência, fomos informados pelos colegas da UNRWA que, devido à falta de combustível, a partir de amanhã as operações de recepção dos camiões deixarão de ser possíveis”, referiu o responsável da ONU, acrescentando que “as condições operacionais em geral estão a deteriorar-se a cada hora que passa”.
De recordar que mais de 850 camiões com ajuda humanitária entraram na Faixa de Gaza desde 21 de Outubro, data em que a passagem de Rafah, na fronteira com o Egipto, foi aberta para permitir a primeira entrega de ajuda, avançaram as autoridades no domingo.
“Continuamos a dar ajuda a Gaza. Não vem de Israel, mas facilitamos todos os dias. Há cada vez mais camiões a entrar na Faixa de Gaza. Até à data, entraram mais de 850 camiões” desde que a passagem de Rafah foi aberta, em 21 de Outubro, duas semanas depois do eclodir do conflito, afirmou o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), Jonathan Conricus.
No entanto, os números da ONU sugerem que uma média de 700-800 camiões de ajuda humanitária entrava diariamente na zona antes do início da guerra.
Jonathan Conricus salientou que a entrega inclui alimentos, medicamentos, equipamento para refugiados, tendas, casas temporárias e água, entre outros.
“Os camiões podem não significar muito, mas estamos a falar de 6.000 toneladas de alimentos e 2.500 toneladas de diverso equipamento médico”, acrescentou.
A guerra em Gaza, que hoje entrou no 38.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 11 mil mortos, na maioria civis, e mais de 1,6 milhões de deslocados, segundo o mais recente balanço das autoridades locais, controladas pelo Hamas.