Pelo menos cinco membros das forças governamentais foram mortos e outros dois feridos na manhã desta terça-feira, 9 de Julho, na sequência de uma reivindicação da população dos bairros Nanga A e B, arredores da vila de Macomia, centro de Cabo Delgado.
Relatos a que Zitamar News teve acesso, citado pelo mediaFAX, várias fontes locais dão conta que a manifestação violenta da população aconteceu após na noite de segunda-feira (8), pelas 21 horas, os militares das Forças Armadas de Defesa de Moçambique terem matado, a tiro, um agente económico informal enquanto saía da sua barraca onde dorme para fora a fim de urinar.
O corpo da vítima, segundo relatos, permaneceu estatelado no local do baleamento até a manhã do dia seguinte e nenhuma autoridade ter-se-á aproximado para buscar informações do que teria acontecido, recolher o corpo e confortar os parentes da vítima.
Esta falta de reacção por parte das autoridades acabou fazendo subir a fúria da população, que já sabia que o jovem tinha sido baleado por militares governamentais.
A situação terá obrigado a população a manifestar-se. Na ocasião, perseguiu membros das FDS que eram vistos a circular na estrada e ruas próximas do local onde se encontrava o corpo, tendo inicialmente sido interpelados três e mais tarde dois. Na fúria popular, os militares acabaram sendo mortos no local.
Outros dois membros das Forças de Defesa e Segurança foram maltratado e contraíram ferimentos graves.
“Um jovem foi alvejado mortalmente pela FDS a noite para esta terça-feira no bairro de Nanga. Tudo aconteceu quando o jovem, por sinal comerciante, tinha saído para ir atender às necessidades menores fora da sua barraca quando se deparou com as FDS que fazia patrulhamento. Atiraram-lhe bala na cabeça acabando perder vida no local”, começou por descrever um residente local.
De seguida, contou a fonte que “neste momento (7h15min) a população unida está em manifestação e informação fidedigna indica que dois (2) militares foram pegues e torturados e estão com sangramento. Não se sabe se tem vida ou não, mas até este momento ainda população está a reivindicar”.
Disse o mesmo interlocutor que “o trânsito até esta manhã estava interrompido sobretudo no troço Macomia -Pemba”.
Para dispersar os aglomerados populacionais, os militares tiveram de fazer disparos para o ar, o que levou parte da população a refugiar-se na mata.
“Assim estamos no mato, os militares começaram a disparar de qualquer maneira, ora para cima, ora de outro lado, então a população não aguentou e fugiu para o mato devido ao medo. Estou do lado na Ceta. Ouvimos que está a vir outra delegação de chefes de Pemba, na verdade não vi os corpos mas ouvi que morreram militares”, disse um agente de dinheiro electrónico de Nanga a partir de um esconderijo por volta das 8h21 minutos da manhã desta terça-feira.
“Neste momento (13h34) já estamos nas nossas casas não sei lá ao anoitecer, mas, a situação está controlada, em termos de mortos eu só confirmo quatro das forças, para civis não. Apenas esse que mataram ontem, e já foi enterrado. Em todo caso, a situação não deixa de ser preocupante porque não sabemos o que será”, descreveu um professor primário em exercício na vila de Macomia e residente no bairro Nanga.
O confronto entre as forças governamentais e a população aconteceu pouco dias depois da população da vila de Macomia ter acusado os militares moçambicanos de actuação excessiva e de violação dos direitos humanos. As Forças de Defesa e Segurança foram ainda acusadas de promoverem cobranças ilícitas.
Zitamar sabe que além da interrupção do transporte no troço Macomia-Pemba, todos os serviços comerciais, que são os principais foram, igualmente, interrompidos ou encerrados.