Moçambique conheceu uma “deterioração crescente” em todas as sub-categorias do Índice de Governação Africana Mo Ibrahim 2024, nos últimos dez anos, de acordo com a classificação da fundação do magnata britânico de origem sudanesa Mo Ibrahim, divulgada esta semana.
Divulgadas alguns dias após o bárbaro assassinato de Elvino Dias, advogado de Venâncio Mondlane, e de Paulo Guambe, mandatário e porta-voz do partido Podemos, as tabelas que o índice produziu, consultadas pelo SAVANA, apontam que Moçambique registou uma “deterioração crescente” nas sub-categorias de segurança e proteção, quedando-se na 34ª posição (num quadro com todos os 54 países africanos), participação, 23º lugar, direitos, 23ª posição, e infra-estruturas, em 37º lugar.
O país tem a mesma classificação, nas sub-categorias de Estado de Direito e Justiça, encontrando-se em 30º lugar, proteção social e bem-estar, em 40º lugar, inclusão e igualdade, em 27ª posição, e anti-corrupção, em 27 lugar.
No domínio da governação, no geral, Moçambique também averba a classificação de “deterioração crescente”, estando colocado em 28º lugar.
A grande nota de destaque é Seicheles, que está em primeiro lugar, com o excelente desempenho de “melhoria crescente”, ficando apenas em segundo lugar na sub-categoria de direitos, encabeçada por Cabo Verde e infra-estruturas, que perde a primeira posição para Marrocos.
Na última posição e com a classificação de “deterioração crescente” ou “sinais de alerta” alternam a Eritreia, Sudão, Sudão do Sul e República Centro Africana.
Comentando sobre os resultados do índice, Mo Ibrahim afirmou: “o IIAG [sigla do índice em inglês] é uma lembrança sóbria da ameaça que a crise de segurança profunda e o ambiente de participação cívica estreito colocam ao progresso do continente africano”.
Por outro lado, refletem a crise global. Os crescentes conflitos e a desconfiança profunda nas instituições e valores democráticos não se limitam a África. Veem-se em todo o mundo, mas são especialmente mais preocupantes para o continente africano, porque ameaçam o progresso económico e desenvolvimento social, bem como os avanços que ainda estão por alcançar, acrescenta Ibrahim.
“Mas não vamos resumir rapidamente o panorama de governação de África sob apenas uma média. África é um enorme continente de 54 países, com tendências altamente divergentes, algumas com trajectórias impressionantemente bem-sucedidas e outras com avisos de alerta”, avança o patrono da Fundação Mo Ibrahim.
De acordo com Ibrahim, é preocupante a deterioração da situação em Sudão, países do Sahel, RDCongo, Tunísia e Mauritânia, mas os progressos notáveis registados por Marrocos, Costa do Marfim, Seicheles, Angola e Benin e em algumas áreas, como infra-estruturas e igualdade de género, devem oferecer esperança do que pode ser alcançado.