O Estado moçambicano poderá encaixar receitas fiscais avaliadas em 16 mil milhões de dólares em toda vida útil do projecto Coral Sul, uma plataforma flutuante ancorada a sensivelmente 50 km da costa de Palma, província de Cabo Delgado e cerca de 200 km a norte de Pemba, muito afastada da violência armada que afecta aquela província do norte de Moçambique, rica em gás.
A vida útil do projecto da Coral Sul FLNG está estimada em 30 anos. O projecto foi formalmente inaugurado pelo anterior presidente da República, Filipe Nyusi, a 23 de Novembro de 2022, dez dias após a saída do primeiro cargueiro (British Sponsor), com gás da bacia do Rovuma.
O projecto Coral Sul consiste numa unidade flutuante para a liquefação de gás natural (FLNG). É o primeiro projecto daquela natureza no mundo desenvolvido para explorar gás em águas ultra-profundas, após as descobertas realizadas na Área 4 na bacia do Rovuma.
A plataforma, liderada pela petrolífera italiana Eni, possui uma capacidade instalada de 3, milhões de toneladas por ano (MPTA) e foi construída nos estaleiros da Samsung, na Coreia do Sul.
Nesta terça-feira, o Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME) promoveu uma visita guiada à Plataforma Flutuante, onde executivos da Coral Sul e os engenheiros ali afectos, com destaque para jovens moçambicanos, deram explicações detalhadas sobre o estágio daquele megaempreendimento, que resulta de um investimento de pouco mais de sete mil milhões de dólares.
A ideia era proporcionar a jornalistas e comentadores de televisão, convidados para o efeito, uma interacção directa com a infra-estrutura, permitindo um conhecimento mais profundo sobre as suas operações. A directora geral da Eni Rovuma Basin, Marica Calabrese, partilhou detalhes sobre resultados operacionais, conteúdo local, projectos de sustentabilidade (2018-2025) e impacto económico nacional.
A título ilustrativo, até Junho de 2025 já foram produzidos 501.623 milhões de pés cúbicos de gás natural, correspondentes a 2,8% das reservas do depósito Coral Eoceno 441. Foram exportados, até ao momento 128 carregamentos (navios), dos quais 112 de GNL e 16 de condensado.
Segundo os números disponibilizados pelos executivos do projecto, a Coral Sul já teve um impacto nas receitas fiscais do Estado de 210 milhões de dólares até Junho de 2025. A comercialização do LNG é feita em exclusivo pela petrolífera BP, durante 20 anos, com a possibilidade da extensão do contracto por mais de 10 anos.