Numa altura em que os recursos florestais moçambicanos enfrentam crescentes ameaças de exploração ilegal e degradação ambiental, a Federação Moçambicana de Operadores de Madeira (FEDEMOMA) deu, nesta terça-feira, um passo decisivo ao lançar, oficialmente, o Projecto de Revitalização das Associações Florestais e Capacitação dos Operadores Madeireiros, um investimento estratégico avaliado em cerca de seis milhões de meticais.
A iniciativa, que abrange as províncias de Manica, Sofala e Niassa numa fase piloto, visa capacitar operadores florestais sobre a nova Lei Florestal e o Regulamento Florestal de 2024, além de promover práticas empresariais responsáveis, segurança e saúde ocupacional e fortalecer o papel das associações no cenário nacional.
“Nós realizamos este evento para lançar um projeto que representa uma nova visão para o setor florestal moçambicano. Queremos operadores bem informados, capacitados e com postura ética, para que a exploração dos recursos florestais deixe de ser predatória e passe a ser sustentável”, declarou o presidente da FEDEMOMA, Jorge Chacate, esta terça-feira, em Maputo, durante a cerimónia de lançamento.
Segundo Chacate, o projeto não é apenas uma resposta à crise de governação e à exploração desregulada das florestas, mas um verdadeiro pacto entre o sector privado, comunidades locais e o Estado, com o apoio da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Moçambique possui 32 milhões de hectares de florestas naturais, o equivalente a 40% de seu território. Apesar disso, nos últimos anos, o sector florestal foi abalado por falhas de governança, colapso do espírito associativo, exploração ilegal, perda de espécies preciosas e um atraso crónico no licenciamento.
“As espécies como a umbila, chanfuta e jambire passaram a ser classificadas como preciosas, para evitar a sua extinção. Outras, como a uncula, já não têm sequer mercado e deixaram de ser licenciadas para exploração”, alertou Chacate, enfatizando a urgência de se regrar a exploração com base científica e legal.
Este esforço é também uma resposta ao crescente incômodo dos operadores legais com a actuação de furtivos e exploradores ilegais que colocam em risco a credibilidade e os lucros do sector formal.
Com 80% da população moçambicana dependendo das florestas para energia, alimentação e construção, o projeto da FEDEMOMA articula-se directamente com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), ao equilibrar a proteção ambiental, inclusão social e dinamização económica.
“Queremos transformar o sector florestal num verdadeiro motor de desenvolvimento. Com ética, transparência e sustentabilidade, é possível gerar receitas para o Estado, proteger as comunidades e garantir que nossas florestas continuem existindo para as futuras gerações”, concluiu Chacate.
O projecto decorre até o final de 2025, e promete não apenas formar operadores, mas restaurar a confiança das comunidades e criar uma nova cultura de governança florestal em Moçambique.
(Helena Madança)