A Empresa Aeroportos de Moçambique (ADM) está à procura de melhorar os seus sistemas de informação e de comunicação com vista a oferecer melhores condições de navegação aérea e atrair mais tráfego para o país.
As acções fazem parte de um plano de reestruturação da empresa, visando posicioná-la num patamar que a torne mais rentável e competitiva no plano regional e internacional.
Falando num encontro com jornalistas, na última Sexta-Feira, o director de tecnologias de informação e sistemas de navegação, António Chume, disse que a empresa está a envidar esforços no sentido de melhorar os sistemas de comunicação, navegação e vigilância através da modernização do equipamento, medidas essas que deverão contribuir para atrair mais tráfego, incluindo sobrevoos, e assim aumentar as receitas da empresa.
Acrescentou que o baixo nível de uso do espaço aéreo moçambicano por companhias aéreas internacionais se deve actualmente à fraca cobertura no sistema de comunicações.
“Os aviões, quando atravessam o espaço aéreo (moçambicano), em algum momento têm problemas de comunicação, mas há trabalhos que estão a ser feitos para a modernização dos equipamentos, de modo a atrair mais tráfego, o que de facto seria uma mais-valia para o nosso país”, disse.
Como resultados dos investimentos que estão a ser feitos na área da navegação, registaram-se melhorias significativas nas regiões centro e norte, o que pode ser avaliado pelo aumento em mais de cinco por cento na frequência de sobrevoos nos últimos seis meses.
Durante o encontro com todos os membros do Conselho de Administração e directores, que tinham tomado posse no mesmo dia, a Presidente do Conselho de Administração (PCA) da empresa, Amélia Muendane, explicou as alterações que foram introduzidas na estrutura de administração da empresa, com a desagregação dos dois pelouros que existiam anteriormente, passando agora a serem quatro.
Os dois antigos pelouros eram para as áreas de operações e infraestruturas; e administração, recursos humanos, comércio e marketing. O primeiro agregava infraestruturas (incluindo pistas) e operações aeroportuárias.
Muendane disse que era importante proceder a esta desagregação de modo a permitir que haja um pelouro que se dedique exclusivamente à navegação aérea e outro para a gestão de infraestruturas aeroportuárias, acompanhando uma tendência global que tem como foco não apenas a organização interna, como também a criação de outras empresas.
“Quando vamos a outros países encontramos empresas de navegação aérea e outras de gestão de componentes não aeroportuárias”, disse Muendane, acrescentando que sendo no caso de Moçambique uma única empresa, “era importante estabelecer pelouros que permitissem que esta desagregação acompanhasse o movimento que está a acontecer ao nível global e respondesse às exigências internacionais”.
“Foi com esta visão que a empresa estabeleceu dois pelouros diferenciados ao nível da área de operações”, disse Muendane, acrescentando que quanto à administração e finanças, marketing e comércio, que antes se concentravam num único pelouro, foram desdobrados devido ao conflito de interesses que existia entre estas áreas, que incluíam a execução do orçamento e arrecadação de receitas.
A nova composição do Conselho de Administração inclui, para além da presidente, quatro pelouros, que são: 1) Administração e Finanças; 2) Operações (Navegação Aérea); 3) Comércio e Marketing; e 4) Infraestruturas.
A ADM ressentiu-se também da crise por que passou a companhia nacional de bandeira, a LAM, que representa 60 por cento das suas receitas.
Com a reestruturação na LAM, colocando-a numa posição de rentabilidade, a empresa passou a saldar as suas contas correntes com a ADM, embora tal não inclua a dívida já acumulada.
“A relação com a LAM tende agora a melhorar, e estando ela a pagar todas as taxas, isso vai permitir que a tesouraria disponha de recursos para facilitar que a empresa faça os seus investimentos”, disse Sheila Chemane, directora financeira da ADM.
A empresa está também a recuperar dos efeitos da COVID-19, que em 2020 causou prejuízos com a perda de 50 por cento do tráfego. Até 31 de Dezembro de 2024, já tinha conseguido recuperar 90 por cento do tráfego, mas a instabilidade pós-eleitoral registada no país entre Outubro de 2024 e Março deste ano retardou esta recuperação.
Parte da estratégia de crescimento da empresa é investir para o aumento das receitas resultantes de operações não aeroportuárias, para permitir que ela não dependa apenas do trabalho das companhias aéreas.
Actualmente as receitas provenientes das actividades não aeroportuárias representam 10 por cento, o que compara desfavoravelmente com a tendência ao nível global, onde este rácio é de 40-45 porcento.
“Enquanto Moçambique estiver nestes 10 por cento vai estar sempre dependente das companhias, e não há nenhuma empresa aeroportuária que vai se tornar rentável enquanto depender das companhias”, disse Muendane, sublinhando que a visão da empresa é o aproveitamento de todo o património disponível e transformá-lo em oportunidades de negócio.