A Confederação das Associações Económicas (CTA) considerou, nesta terça-feira, “inadmissível” a postura da South32, accionista maioritário da Mozal, no impasse sobre a futura tarifa de energia da fundição, enfatizando que a actuação da multinacional australiana está “a desestabilizar o tecido empresarial moçambicano”.
“A CTA considera inadmissível que uma empresa que tanto beneficiou do ambiente fiscal, institucional e económico nacional adopte uma postura que desestabiliza o tecido empresarial moçambicano e fragiliza a confiança dos investidores”, afirmou o presidente da CTA, Álvaro Massingue, durante uma conferência de imprensa.
Massingue apelou à South32 para reavaliar com urgência o seu posicionamento, reintegre as empresas moçambicanas afectadas e retome as operações com responsabilidade social, respeito pelos compromissos assumidos e alinhamento com os objectivos de desenvolvimento nacional.
Encorajou o Governo a actuar com firmeza, mas com abertura ao diálogo, protegendo os interesses estratégicos do país e garantindo que a Mozal mantenha o seu papel como um activo económico nacional, mas agora com maior integração local.
“A CTA entende que o Governo pode considerar concessões na tarifa de
energia, mas apenas com contrapartidas claras e estruturantes para a economia nacional”, avançou Álvaro Massingue.
Nesse sentido, Massingue defendeu que a fundição deve alocar pelo menos 40% da produção a empresas com base em Moçambique, para a transformação local do alumínio em produtos semi-manufaturados e acabados, e aumente substancialmente o número de fornecedores locais na sua cadeia de valor, promovendo a inclusão efectiva de pequenas e médias empresas moçambicanas.
“Recordamos que, mesmo antes deste episódio, a CTA já havia alertado a direcção da Mozal para denúncias de preterição de empresas moçambicanas em favor de empresas sul-africanas nos processos de contratação. Apesar das promessas de revisão, pouco ou nada mudou”, sublinhou Álvaro Massingue.
(Helena Madança)