Quando a Frelimo está em contagem decrescente para encontrar o sucessor do actual presidente do partido e chefe de Estado, Filipe Nyusi, são várias as vozes que defendem que a fórmula da rotatividade étnico-regional devia ser abandonada em favor da meritocracia. A insistência na meritocracia tem como pano de fundo a percepção de que Filipe Nyusi será substituído por uma figura do Centro do país, caso a Frelimo mantenha o costume – porque não está escrito nos estatutos – da rotatividade. Mas quem não alinha com a ideia de o partido no poder abandonar o conceito de “rotatividade” é o académico e analista João Pereira, que, em entrevista ao SAVANA, considera que é a vez do Centro, porque a Frelimo e o país já foram dirigidos por líderes do Sul e agora do Norte, zona de origem de Filipe Nyusi.
“Eu acho que temos de fechar o ciclo” da rotatividade do poder na Frelimo.
“Nunca houve esse debate na altura da transição em relação ao Sul. Nunca houve esse debate em relação, por exemplo, a uma série de administradores que eram do Sul, que existiram no período pós-independência, que estavam em quase todos os cantos do território nacional”, refere Pereira.
Numa entrevista que pode ser lida na íntegra a edição impressa e electrónica do SAVANA desta sexta-feira, 2 de Fevereiro, o académico questiona a justeza das resistências à manutenção da fórmula da rotatividade e defende que este conceito é fundamental para a estabilidade do país.