O Instituto de Bolsas de Estudo (IBE) não tem recursos para pagar a viagem de avião a 39 estudantes moçambicanos, que seleccionou para serem formados na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), disse a directora-geral daquela entidade moçambicana, Carla Caomba. Porém, os 39 estudantes sentem-se defraudados.
Os bolseiros foram colhidos de surpresa pela informação que o IBE deu de que não tem dinheiro para custear a viagem ao Brasil, depois de ter havido promessas de que a instituição iria suportar a despesa.
“Encontramo-nos numa posição desafiadora, por isso, comunicamos à nossa contraparte da UNILAB a nossa incapacidade de financiar estudantes este ano, até que a situação económica e financeira do País melhore”, afirmou a directora do IBE.
Devido à actual conjuntura socioeconómica, o IBE sofreu um significativo corte financeiro, que provocou um impacto negativo, acrescentou.
“Para este ano, não existe nenhuma comunicação nossa, nem nos nossos sites, nem nas nossas vitrinas, qualquer anúncio relacionado a esta janela de oportunidades de formação”, frisou aquela responsável.
A diretora-geral do IBE disse ainda que com drástica redução no Orçamento do Estado, a instituicão restringiu severamente a capacidade de atribuir novas bolsas de estudo, bem como de manter o apoio aos bolseiros actualmente existentes.
“Queremos aproveitar esta ocasião para esclarecer que reconhecemos a legítima preocupação dos estudantes e suas famílias no presente caso, entendemos que pode ter havido algum mal-entendido que se espalhou entre os estudantes e gerou esse mal-estar”, declarou Carla Caomba.
Caomba sustentou que o IBE nunca disse que iria financiar os bolseiros da UNILAB este ano, exactamente devido às limitações financeiras que atravessa.
Segundo Carla Caomba, 144 estudantes moçambicanos frequentam os diferentes cursos na UNILAB, no quadro da parceria existente com aquela universidade brasileira.
“Não nos destruam os sonhos”
Sãos palavras dos 39 estudantes apurados pelo IBE em cooperação com a UNILAB para o programa de estudos no Brasil.
Com malas e cartazes com escritas como “não nos marginalizem”, colocaram-se em vigília nas instalações do IBE na cidade de Maputo na noite de segunda-feira.
Os estudantes, que se sentem injustiçados, afirmam que boa parte deles não têm onde ficar hospedados aqui em Maputo, pois saíram dos diferentes pontos do país para os últimos acertos da sua viagem para o Brasil.
Em conversa com o SAVANA, Margarida Nipathy, representante dos estudantes apurados pela UNILAB, contou o dilema dos 39 estudantes.
“Desde a nossa apuração ao programa de formação da UNILAB , eles têm mantido contacto com todos nós, tratamos todos os documentos exigidos, desde o passaporte, vistos e atestados médicos, acreditávamos que estava tudo acertado e quando chegássemos a Maputo acertaríamos os últimos detalhes da viagem e partiríamos”, afirmou Nipathy.
Salientou que o IBE marcou uma reunião com os estudantes na qual foi anunciada a incapacidade de financiamento dos seus estudos por parte da instituição.
“Depois que eles anunciaram que não custeariam as nossas passagens e nem a nossa hospedagem no Brasil, procuramos conversar com o Ministério da Educação, que nos recomendou a resolver essa situação com o IBE. A resposta que obtivemos foi que não temos nenhum contrato assinado e que se tivermos condições podíamos viajar por conta própria”, sublinhou.
A representante afirmou ainda que o grupo não pretende sair do IBE antes da resolução deste problema.
“Estamos a mover esforços para conseguir outras formas de financiamento, mas não pretendemos sair daqui até que se resolva essa injustiça”, declarou
Os estudantes, prosseguiu, decidiram passar a noite todos aqui pois boa parte não tem onde dormir, nem como pagar a hospedagem.