A aprovação pelo Parlamento do acordo de extradição deixou a comunidade ruandesa residente em Moçambique apreensiva, por considerar que se refugiou no país por ver as suas liberdades cerceadas no Ruanda.
O acordo de extradição entre Moçambique e Ruanda foi viabilizado por 169 votos da bancada parlamentar da Frelimo, contra 51 da oposição (Renamo e MDM).
O presidente da comunidade, Cleophas Habiyaremye, lamenta o facto de não terem sido auscultados pela Assembleia da República para apresentarem o seu ponto de vista acerca da implementação do acordo. Disse que a ideia não era inviabilizar o entendimento, mas sim, no mínimo, colherem o seu pensamento.
O presidente da comunidade ruandesa lembrou que antes da aprovação do acordo já havia sequestros e assassinatos. Com o instrumento legal, é a oficialização da perseguição.
Com o acordo de extradição aprovado, Habiyaremye entende que só resta suplicar ao Governo moçambicano para activar mecanismos de verificação dos cidadãos solicitados pelo Ruanda para serem extraditados de modo a certificar se são opositores ou criminosos.
Avança que, sendo opositores, merecem a devida protecção à luz dos direitos humanos e não podem ser extraditados.
“O Governo ruandês não pode solicitar a extradição de um cidadão e o de Moçambique extraditar sem saber daquilo que é acusado”, disse, acrescentando que não há como ficar em paz com este acordo porque conhecem o país de origem.
“Se somos refugiados não é por livre e espontânea vontade, há factores que contribuíram para que abandonássemos a pátria que nos viu a nascer”, disse Habiyaremye.
A comunidade ruandesa em Moçambique conta com cerca de quatro mil membros.