O Banco de Moçambique (BdM) baixou de 16,50% para 15,75 a taxa de juro de política monetária (MIMO), a segunda descida este ano, justificando a medida com “a consolidação das perspectivas de inflação a um dígito”.
O governador do BdM, Rogério Zandamela, anunciou nesta quarta-feira, a redução da taxa de juro de política monetária, designada por taxa MIMO, em conferência de imprensa, no final da reunião do Comité de Política Monetária (CPMO) do regulador financeiro moçambicano.
“Esta decisão é sustentada pela consolidação das perspectivas de inflação em um dígito, no médio prazo, num contexto em que a avaliação de riscos e incertezas associados às projecções continua favorável”, afirmou Zandamela.
Aquele responsável avançou que a CPMO continuará com o processo de normalização da taxa de juro de política monetária, no médio prazo, observando que “o ritmo e a magnitude continuarão a depender das perspectivas da inflação, bem como da avaliação dos riscos e incertezas subjacentes às projecções de médio prazo”.
A redução acontece depois de o CPMO ter baixado, em Janeiro, a taxa MIMO para 17,25%, valor que estava em vigor desde Setembro de 2022, para 16,50%.
O governador do BdM declarou que, em Fevereiro, a inflação desceu para 4%, depois de ter alcançado 4,2% em Janeiro, reflectindo, sobretudo, a estabilidade do metical e o impacto das medidas tomadas pelo CPMO.
Rogério Zandamela adiantou que, para o médio prazo, prevê-se a manutenção de um crescimento económico moderado, excluindo o gás natural liquefeito (GNL), depois de no quarto trimestre de 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) ter atingido 3,6% face a 3,3 no trimestre anterior.
“No médio prazo, antevê-se que a actividade económica, excluindo a produção de GNL, continue a recuperar, não obstante as incertezas quanto aos impactos dos choques climáticos na produção agrícola e infra-estruturas diversas”, declarou Zandamela.
Endividamento
Zandamela assinalou que a pressão sobre o endividamento interno se mantém elevada, situando-se em 344 mil milhões de meticais (usd5.375 milhões), um aumento de 31,7 mil milhões de meticais (usd495.3 milhões) em relação a Dezembro de 2023.
Questionado pelos jornalistas sobre o volume da dívida interna, Rogério Zandamela admitiu que este indicador deve ser cuidadosamente monitorado, mas sustentou que o mais importante é o destino dado ao dinheiro e não os números em si.
“Podemos ter o mesmo volume de dívida interna, mas o importante é o que é feito com o dinheiro, se vai para um investimento produtivo, que possa garantir o reembolso”, enfatizou.
O governador do BdM notou ainda que as projecções da inflação continuam favoráveis, devido ao esforço de consolidação fiscal e ao impacto menos gravoso dos conflitos geopolíticos sobre a cadeia logística e os preços das mercadorias no mercado internacional.