A retoma das incursões dos insurgentes, no distrito de Quissanga, na província de Cabo Delgado, acontece uma semana depois de a SAMIM, a força militar da SADC que ajuda Moçambique no combate a insurgência, ter iniciado, oficialmente, a sua retirada dnaquela província do norte do país, num processo que deverá ser fechado a 15 de Julho próximo.
Na sexta-feira, 5, as tropas do Botswana abandonaram Cabo Delgado. Dois dias depois, foi a vez da saída de tropas da Africa do Sul, no domingo, dia 7. A África do Sul do Sul já havia retirado parte significativa das suas forças especiais, em Macomia, permanecendo apenas forças regulares.
A saída das tropas dos dois países foi marcada por um desfile das tropas da SAMIM e um discurso de despedida proferido pelo comando da SAMIM. Com aproximadamente 300 homens, as tropas do Botswana foram fundamentais para a segurança dos distritos de Mueda e Muidumbe. Embora com operações menos mediatizadas, eles conseguiram afastar as ameaças dos insurgentes sobretudo de Muidumbe, que já foi uma área de domínio do inimigo. No entanto, seis soldados twsanas perderam a vida, em Cabo Delgado. Dois deles suicidaram-se. Num incidente ocorrido na cidade de Pemba, a capital provincial de Cabo Delgado, um major matou a tiro a sua namorada, também militar, antes de ele se suicidar.
A África do Sul, com uma actuação bastante questionada, teve menos de mil homens em Macomia. Depois do Botswana e África do Sul, deverá seguir-se o Lesotho. A Tanzânia, que tem todo interesse de proteger a sua fronteira junto com Moçambique, para que os insurgentes não penetrem facilmente no seu território, deverá manter-se em Cabo Delgado, num acordo bilateral. A saída da SAMIM surge numa altura em que o Ruanda prepara-se para consolidar o seu protagonismo, em Moçambique, aumentando tropas e treinando militares moçambicanos. O responsável pelas missões militares do Ruanda no estrangeiro, o Brigadeiro-General Patrick Karuretwa, fez saber, recentemente, em Kigali, capital ruandesa, que a retirada das tropas da SADC obriga o seu país a tomar o que chamou por “certas medidas”. “(…) Estamos a aumentar as nossas tropas e a torná-las mais móveis para cobrir mais áreas”, disse. “Vamos treinar soldados moçambicanos para assumirem os anteriores destacamentos de SAMIM”, acrescentou.