A Polícia da Republica de Moçambique (PRM) em Manica revelou que altas patentes da corporação, afetos ao comando provincial da Polícia, são suspeitos de terem assassinado um agente do terceiro regimento da guarda-fronteira, cujo corpo foi encontrado a flutuar no rio Messica, sem roupa, com a cabeça embrulhada em plástico e os pés e as mãos atadas, além de sinais de um tiro na nuca. O corpo foi encontrado a 9 de Março de 2024 e dois meses depois o bárbaro assassino, que chocou a província, tem contornos que envolvem superiores hierárquicos do finado.
Ao que apurou o SAVANA, Aníbal Mendonça, 43 anos, com a patente de sargento principal de guarda-fronteira, ligado ao Ministério do Interior, terá sido “arrastado” da sua residência na cidade de Chimoio, por dois colegas, que supostamente terão sido usados como “isca” para o atrair.
Poucas semanas antes, o finado terá se recusado a participar de um esquema de contrabando na fronteira de Machipanda, onde funciona o terceiro regimento da guarda-fronteira, e há indicações que terá reportado por escrito aos seus superiores, em Maputo, o esquema que viria a valer a sua vida, contou ao SAVANA uma fonte ligada a investigação.
Com base no rastreio de chamadas e gravações no aparelho celular do finado, os investigadores chegaram aos agentes usados como “isca” e aos suspeitos mandantes do crime, que tinham os gabinetes a funcionar no comando provincial da PRM de Manica, e que agora se encontram detidos na Penitenciaria agrícola regional centro, vulgo cadeia Cabeça de velho.
Há igualmente suspeitas do envolvimento de um investigador do Gabinete Provincial de Combate à Corrupção (GPCC) de Manica na morte do guarda-fronteira.
Ainda segundo a mesma fonte, há fortes indícios que o finado tenha sido morto à tiro, por uma arma disparada a curta distância, tendo em conta a perfuração na zona da nuca, e desconhece-se se a arma do crime pertence ao arsenal da Polícia.
Depois de morto, prosseguiu, os “assassinos”, que não se sabe se são os agentes suspeitos ou se são terceiros apenas contratados para a empreitada, terão retirado a roupa do finado, vendado a cabeça com um plástico, atado os pés e as mãos e atirado o corpo ao rio Messica, quase duas noites depois de terem lhe “arrastado” de casa. A família do finado tinha estranhado a ausência e já tinha iniciado buscas, antes do corpo aparecer no rio dois dias depois.
Entretanto, sem muitos detalhes, a Comandante da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Manica, Lurdes Mabunda, confirmou a detenção de “dois colegas”, que são os principais suspeitos de terem orquestrado o assassinato.
“O nosso colega foi assassinado. O trabalho que foi realizado por vários actores, quer os colegas da justiça, quer o Sernic, inclusive membros da PRM, os indivíduos que são suspeitos de terem cometido aquele crime estão neste momento a responder”, na justiça, precisou Lurdes Mabunda, anotando que “neste momento está a se trabalhar no sentido de se trazer as evidências, que comprovem o seu envolvimento neste tipo de crime”.
“Sim, são agentes da Polícia que são suspeitos neste caso, agora esperamos que a justiça ou os nossos colegas da justiça tragam evidências que de facto os indique ao crime”, referiu Mabunda em conferência de imprensa em Chimoio, assegurando que caso se comprove o envolvimento dos dois agentes no crime haverá responsabilização.
Pouco depois do assassinato do agente várias correntes sugeriam “ajustes de conta”, por o finado também ter estado envolvido no comércio de ouro, que abunda a região de Manica e que tem sido alvo de contrabando por estrangeiros.