Pouco mais de seis meses depois da última paralisação laboral, os médicos moçambicanos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) ameaçam voltar à greve nos próximos dias. Em causa está, uma vez mais, o que a Associação Médica de Moçambique (AMM) considera “falta de cumprimento” dos acordos assumidos por parte do governo de Filipe Nyusi, aquando do fim da anterior greve.
Fala-se de 23 pontos na mesa negocial, mas que o governo, até aqui, cumpriu somente seis. Os pontos na mesa negocial estão subdivididos entre a necessidade de melhoria das condições nas unidades sanitárias geridas pelo Estado e, igualmente, envolve questões remuneratórias, parte das quais criadas aquando da introdução da chamada Tabela Salarial Única (TSU).
O porta-voz da AMM, Napoleão Henriques Viola, disse que na reunião que a Associação Médica de Moçambique realizou ficou a deliberação da necessidade de regresso à greve, como última medida para pressionar o governo a cumprir o que prometeu há pouco mais de seis meses.
Entretanto, ainda não há um dia exacto definido para o retorno da paralisação laboral que, mais uma vez, vai castigar os mais fracos, os utentes do SNS, que não têm condições financeiras para recorrer ao serviço privado de saúde Em torno do assunto, os médicos deverão voltar a reunir brevemente para definir os termos da greve e comunicar as autoridades moçambicanas para que estas se preparem para garantir medidas de assistência médica. Ou seja, nesse encontro, vai definir-se a data de início e os mecanismos de garantia dos serviços mínimos.
Esta ameaça de greve tem lugar numa altura em que os restantes profissionais do sector, vinculados ou não à Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUM) deram somente tréguas, na crença de que o governo vai responder os pontos do seu caderno reivindicativo.