O grave acidente de viação, da manhã de sexta-feira, na cidade de Maputo, causado pelo jovem Florindo Nyusi, filho do Presidente da República, Filipe Nyusi, levantou reacções e questionamentos em vários quadrantes, particularmente, pelo facto de não ter sido a primeira vez que o filho do Chefe de Estado coloca-se como responsável por sinistros automóveis na via pública. Nisto, a Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) também reagiu e, através de uma nota de imprensa, mostra-se expectante para ver o que é que vem a seguir em torno da investigação e responsabilização dos culpados do acidente, pelas instituições que intervém directamente na administração da justiça.
Uma das questões levantadas pela Ordem dos Advogados é o facto de o causador do acidente não ter prestado socorro às vítimas, particularmente as duas crianças que foram feridas.
O facto é que Florindo Nyusi, indo ao volante da sua viatura de luxo, à velocidade excessiva, segundo testemunhas, embateu fortemente numa outra, perdeu controlo e atropelou duas crianças que estavam a caminho da escola. Com estrago feito, o filho do presidente não se deu ao trabalho de parar e socorrer as vítimas do acidente como é de lei. Pelo contrário, os seguranças que iam atrás, correram até ao carro de Florindo, retiraram-no rapidamente tentando proteger o seu rosto e desapareceram à alta velocidade, numa outra viatura.
“Mantemos total confiança no direito e nas instituições de administração da justiça, todavia entendemos ser, de facto, um caso que testará a seriedade e isonomia do nosso sistema da administração da justiça”, refere a nota da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados de Moçambique, acrescentando que “desde logo, é importante que a Polícia tenha feito o seu trabalho e fidelizado o local do acidente e a busca imediata de indícios de ilícito, designadamente, imagens e medição das eventuais marcas de frenagem no pavimento, testagem do motorista para eventual despiste de condução sob efeito de álcool ou outras drogas ilícitas, tomada de depoimentos e identificação de possíveis testemunhas oculares, e a conhecida retenção dos documentos do veículo (que tanto quanto nos é dado saber, trafegava sem a chapa de matrícula) e do título de condução do condutor”.
Por outro lado, faz ainda saber a Ordem dos Advogados, que acto contínuo, todos os órgãos à jusante serão chamados a agir com imparcialidade e total isonomia neste processo, demonstrando que “a justiça é cega, mas tem cérebro!”
Ao fim do dia, naquela mesma sexta-feira, o pai de Florindo, o Presidente da República, foi ao Hospital Central de Maputo visitar a criança internada, tendo em conta que a outra recebeu tratamento e alta no mesmo dia.