O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, pediu nesta segunda-feira uma discussão sem “tabus” sobre o impacto e combate ao tráfico de droga nos países da África oriental e austral, defendendo reformas e cooperação regional.
Filipe Nyusi falava, em Maputo, na terceira reunião de alto nível da Comissão da África Oriental e Austral Sobre a Droga (ESACD).
“Não haja tabu. Não tenham medo de chamar as coisas pelos nomes. Porque às vezes, quando nos atrasamos no tempo, criamos espaço para que as coisas aconteçam de uma maneira não desejada. Não podemos perder de vista que investir na prevenção ao consumo de droga é investir no futuro dos nossos jovens e das nossas nações”, apelou.
A reunião de Maputo junta governantes e especialistas dos vários países da região e pretende discutir a reforma das estruturas e políticas sobre droga, promover capacidades locais e mobilizar os agentes políticos para a problemática.
“Ao longo das últimas décadas, a região da África oriental e austral tem vindo a ser assolada pelo tráfico ilícito de drogas, incluindo a canábis. Os efeitos deste fenómeno já se fazem sentir, nas esferas socioeconómicas e de segurança, afectando negativamente, entre outras, a implementação das políticas de saúde, educação e de desenvolvimento sustentável dos nossos Estados”, salientou Nyusi.
Para Nyusi, a prevenção e combate ao tráfico de droga “exige uma coordenação intersetorial e transversal” por parte das autoridades competentes “na aplicação de leis sobre drogas, bem como entre estas e a sociedade”, mas também são necessários “mecanismos” para os países comunicarem entre si.
Filipe Nyusi reconheceu igualmente que crime potencia nomeadamente o terrorismo, como o que Moçambique vive no norte do país, na província de Cabo Delgado, nos últimos mais de seis anos.
“Vemos crianças que são levadas, instrumentalizadas, a ter uma coragem para praticar um crime que na dimensão de uma criança não é possível, que o fazem sob o efeito da droga”, apontou Nyusi, reconhecendo que o tráfico de droga é como “térmitas que corroem o poder e a autoestima da juventude”, frisou.