A instalação no próximo ano de um terminal de gás natural liquefeito pela TotalEnergies na Matola poderá ser um alívio para a África do Sul, em caso de um eventual défice deste país vizinho, escreve o portal económico sul-africano Daily Investor.
O Daily Investor cita a empresa Gigajoule, executora do empreendimento, a referir que o transporte marítimo de gás a partir da Matola poderá arrancar a partir do final de 2027.
Nesse ano, prossegue, prevê-se que empresas sul-africanas que dependem do gás que a multinacional Sasol extrai de Moçambique, incluindo as unidades de produção da cervejeira Anheuser-Busch InBev e a firma de aço ArcelorMittal, deixem de receber o recurso, intensificando os rumores sobre a crise de gás na nação mais industrializada de África.
O projecto de termial de gás natural da Matola terá capacidade para produzir 2,5 milhões de toneladas de GNL, por ano, disse a multinacional francesa TotalEnergies, em resposta escrita que enviou à Daily Investor.
O empreendimento será o primeiro maior fornecedor de gás ultra-frio à África do Sul, sendo distinto da mega exportação de GNL que a TotalEnergies fará do gás que vai produzir na Bacia do Rovuma, na província de Cabo Delgado.
O Daily Investor avança que membros da Associação de Utilizadores de Gás Industrial da África Austral (IGUA, na sigla em inglês), um grupo de lobby, assinaram um acordo para o acesso ao gás do futuro terminal da Matola.
O grupo corre atrás do relógio para a construção de uma nova infra-estrutura, disse o director executivo da IGUA.
“O risco de não termos gás seria catastrófico”, declarou.
A procura de fontes de fornecimento de gás alternativas impõe-se numa altura em que a África do Sul pretende aumentar o uso deste recurso e afastar-se da dependência do carvão, assinala o Daily Investor.
Os consumidores não se podem dar ao luxo de esperar por mais atrasos no acesso a fontes alternativas de gás.
A decisão final de investimento sobre o terminal de gás natural da Matola será tomada no segundo semestre de 2025, de acordo com o director executivo da Gigajoule, Jurie Swart.
O terminal será ligado ao já existente pipeline que transporta o gás da Sasol de Moçambique para a África do Sul.
Em 2019, a Gigajoule orçou o projecto do terminal da Matola em 3,2 mil milhões de dólares, empreendimento que inclui a construção de uma central térmica de gás.
A TotalEnergies declarou que está a colaborar com todas as partes envolvidas no projecto, incluindo a Sasol e a companhia eléctrica estatal sul-africana Eskom.