A Amnistia Internacional (AI) classificou os protestos pós-eleitorais em Moçambique, como “a pior repressão dos últimos anos”, apelando ao governo para respeitar o direito à liberdade de expressão, reunião pacífica e associação.
Numa nota datada de 6 de Novembro, véspera da “terceira etapa” das manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, em protesto contra os resultados eleitorais, que considera de fraudulentos, a AI pelou ao Governo moçambicano para “pôr fim à repressão violenta e generalizada dos direitos humanos e respeitar o direito à liberdade de expressão, reunião pacífica e associação”.
Segundo a AI, informações de organizações da sociedade civil em Moçambique indicam que mais de 20 pessoas foram mortas pela polícia, enquanto outras foram feridas e detidas.
Khanyo Farise, director regional adjunto da organização para a África Oriental e Austral, disse que o país está a viver uma onda de “derramamento de sangue completamente desnecessário”, com as forças policiais a usar “armas de guerra” para conter protestos pacíficos.
“As pessoas nem sequer podem protestar nas suas próprias casas sem correrem o risco de serem atingidas por gás lacrimogéneo pela polícia”, sublinhou Farise.
Entretanto, Venâncio Mondlane voltou, ontem, a convocar manifestações naquilo que classifica de “quarta etapa”, protestos que deverão iniciar amanhã até sexta-feira. Mondlane afirma que será a fase mais dolorosa, que irá atingir a economia do país, com encerramento das fronteiras e o comércio.
(Cleto Almeida)