Sete viaturas foram incendiadas na manhã desta terça-feira, durante um ataque armado no troço da EN1, entre Nhanzwazwa e Dampa, cerca de 25 quilómetros a norte de Nhamapadza, no distrito de Maringué, na província de Sofala, centro de Moçambique. O ataque não provocou danos humanos.
A incursão, atribuída a ex-guerrilheiros da Renamo por várias testemunhas, devolveu insegurança a uma área que foi palco de ataques de homens armados no último conflito político-militar, encerrado por um acordo de Maputo, em 2019.
Uma sobrevivente contou ao SAVANAonline/mediaFAX, que um grupo armado abordou a viatura em que viajava, transporte público (Coaster), que fazia o trajeto Nhamapadza-Caia, cerca das 4:00 horas da manhã, tendo arrancado e destruído com fogo os aparelhos celulares de todos os passageiros que tentaram captar imagens.
De seguida, disse, o grupo armado interpelou uma segunda viatura, que transportava outras cinco viaturas ligeiras, tendo incendiado todas. Uma sétima viatura de transporte de carga geral, que se supõe carregava uma ponte metálica, foi igualmente incendiada.
“Começamos a ver pessoas com bebés no colo e trouxas na cabeça a chegar, alunos a correr e havia um pânico geral”, explicou ao telefone um funcionário da escola secundária de Nhamapadza, realçando que o cenário “lembrava-nos um ambiente de guerra”.
A Polícia em Sofala, que confirmou o ataque “protagonizado por seis homens armados”, até agora desconhecidos “com idades na faixa etária dos 55 a 60 anos”, diz ter desdobrado uma força para o local, “que está a seguir ao grupo para a sua neutralização”, assegurando ter sido restabelecida a circulação através de uma escolta militar, precisou Ernesto Madungue, Comandante da Polícia em Sofala em conferência de imprensa.
Em Ndoro, uma zona não distante da área do ataque, existia uma base da Renamo antes dos Acordos Geral de Paz (AGP), de onde eram coordenadas as acções militares no triangulo Caia-Maringué-Cheringoma. Ndoro é subordinada administrativamente em Caia.
O incidente ocorre poucos dias depois dos desmobilizados, no âmbito do processo de Desmobilização, Desarmamento e Reintegração (DDR), terem enviado uma carta aberta ao Presidente da República, Daniel Chapo, a protestar àquilo que consideram de “miseráveis” benefícios da sua reintegração e a exigir a devolução de seus bens e benefícios.
Na carta, onde pedem resposta nos 100 dias de governação, os ex-guerrilheiros da Renamo alertam que o PR vai assumir a crise “quando haver algo de estranho neste país num futuro breve ou a longo prazo”.
(André Catueira, em Chimoio)