O governo voltou a dizer, nesta terça-feira, que está sem dinheiro para satisfazer, na plenitude, as exigências e reivindicações que têm estado a ser apresentados pelos médicos residentes do Hospital Central de Maputo (HCM), a maior unidade sanitária do país, assim como por outros profissionais do Aparelho de Estado, com destaque para o pessoal da saúde e professores do Sistema Nacional de Educação (SNE).
Respondendo a uma pergunta sobre os desafios e reacções do governo face à ameaça de paralisação laboral fora da hora normal de expediente por parte de médicos residentes do HCM, o porta-voz do governo, Inocêncio Impissa, reconheceu os desafios e disse que tudo tem a ver com insuficiência de recursos para satisfazer todas as questões que têm estado a ser colocadas. Diante desta realidade, o caminho, na lógica do também ministro da Administração Estatal e Função Pública, passa por dialogar e manter a tonalidade de conversa saudável com todos os profissionais do Aparelho de Estado.
“Não existe uma medida mágica para paralisar qualquer que seja a intenção de manifestar-se, seja por um direito, seja por qualquer outra razão, sobretudo num contexto de limitações de recursos, quando sabemos que a solução passa, necessariamente, por disponibilizar esses recursos”, reconheceu Impissa, anotando que “o que que deve acontecer é que a conversa deve continuar, a interacção, quer com os profissionais de saúde, quer com qualquer outro grupo social, o mais importante é conversarmos e definirmos prioridades, definirmos alternativas, definirmos mecanismos de se chegar a uma abordagem mais humanizada das questões”.
A greve dos chamados médicos residentes do HCM, que deverá, segundo eles, iniciar a 1 de Junho até à resolução das reivindicações, acontece numa altura em que está em curso uma greve laboral em todo o sector da saúde, convocada pela Associação dos Profissionais Unidos e Solidários de Moçambique (APSUM). Esta paralisação, tal como a ameaçam dos médicos residentes, tem lugar fora da hora normal de expediente.
O porta-voz do governo apontou ainda a necessidade de os profissionais do sector compreenderem que o governo está a fazer os esforços que se mostram necessários para resolver as preocupações colocadas, pelo que apela à necessidade de aqueles darem tempo e trabalhar para que não haja prejuízos em resultado da ausência dos profissionais.
“E, já agora, os únicos indivíduos capacitados que o governo formou, que o governo contratou ou que o governo admitiu para prestar em um serviço especializado no caso de saúde, são os médicos que nós temos, são os profissionais de saúde que nós temos”, disse Impissa, para quem “o governo não pode fazer mais nada porque o governo não se formou todo em medicina”. Com o esforço actualmente em curso, o governo acredita que o país vai, na linguagem de Impissa, estabilizar e conseguir alcançar folga necessária para encontrar alternativas que respondam às questões actualmente colocadas.