A Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA) instou o Governo moçambicano a libertar 205 milhões de dólares de companhias aéreas, que Maputo “bloqueou”, alertando para o risco de transportadoras abandonarem a sua operação em Moçambique.
“Escrevo para alertar para uma situação preocupante que afecta as companhias aéreas que operam em Moçambique: o crescente desafio provocado pelos fundos bloqueados”, lê-se numa carta, datada de 03 de Junho, assinada pelo director da IATA da Região Sul e Oriental de África, Alex Stancu.
“Esta situação está a tornar-se cada vez mais insustentável para as transportadoras, obrigando várias a reconsiderar as suas operações em Moçambique”, avisa Stancu, na missiva com o assunto: “Resolução urgente dos fundos bloqueados das companhias aéreas”.
Uma possível redução dos serviços aéreos pode provocar sérias consequências, afectando conectividade, comércio, turismo e, no geral, toda a actividade económica, prossegue.
O director regional da IATA avança que as autoridades de Maputo se mantém em silêncio, depois de ter sido contactadas, através de cartas dirigidas aos ministros dos Transportes e Comunicações, a 06 de Abril de 2024, e das Finanças, a 21 de Novembro de 2024, ao governador do Banco Central, a 11 de Dezembro de 2024, e ao ministro das Finanças, a 06 de Março de 2025.
As companhias aéreas precisam de um acesso atempado aos seus rendimentos, para poderem suportar as operações, cumprir obrigações financeiras e continuar a prestar serviços aéreos essenciais, diz Alex Stancu.
“Devido à contínua deterioração da situação, o assunto foi colocado na agenda da assembleia-geral anual da IATA, realizada entre os dias 01 e 03 de Junho na Índia, atraindo uma grande atenção de vários órgãos de comunicação social”, observa Stancu.
A IATA, continua, reconhece os desafios económicos que Moçambique atravessa e os esforços que o Governo está a empreender para estabilizar a situação
“Contudo, a, IATA, respeitosamente, apela ao reconhecimento da aviação, como um sector de grande prioridade, pedindo que os fundos bloqueados sejam prontamente libertados e que haja um acesso adequado à moeda estrangeira tanto para as companhias domésticas, como para as estrangeiras”, observa aquela organização.
Alex Stancu lembra que a IATA representa cerca de 350 companhias aéreas, que controlam 83% do total do tráfego aéreo.
“Muitas destas transportadoras aéreas jogam um papel vital no apoio à conectividade, economia e população da República de Moçambique”, nota Stancu, na citada carta.
A IATA frisa que as indústrias de aviação, viagens e turismo são parte do desenvolvimento social e económico de Moçambique e assegurar a viabilidade das operações aéreas vai fortalecer a posição do país como um actor-chave nos mercados regional e global, ajudando a criar emprego e o crescimento económico.