O Absa Bank Moçambique e a consultora Deloitte realizaram esta quarta-feira, em Maputo, a segunda edição do Fórum Bancário, sob o lema “Inovação Sustentável e Confiança Regulatória” que reuniu líderes do sector bancário, reguladores e especialistas nacionais e internacionais
O evento teve como objetivo promover o debate sobre o futuro da banca em Moçambique, explorando caminhos inovadores para fortalecer a inclusão financeira, a eficiência operacional e a confiança regulatória, criando um ambiente sustentável e resiliente para o sector e discutir os desafios da transformação digital e as oportunidades para consolidar um sistema financeiro moderno.
Segundo o representante residente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olamide Harrison, a inclusão financeira deve ser vista como a base para a construção de um sistema financeiro moderno, inclusivo e resiliente.
“A inclusão financeira é onde a inovação começa. É o ponto de partida para expandir o acesso, criar confiança e garantir que as infraestruturas modernas sirvam todos os cidadãos”, afirmou Harrison, acrescentando que a digitalização dos serviços financeiros está a transformar o acesso e o uso de produtos bancários em Moçambique e em toda a África
De acordo com as Perspectivas Económicas Mundiais de Outubro de 2025, publicadas pelo FMI, prevê-se um crescimento global de 3,2% em 2025 e 3,1% em 2026, enquanto na África Subsaariana o crescimento deverá situar-se em 4,1% e 4,4%, respetivamente. Harrison explicou que essa resiliência resulta de esforços de estabilização macroeconómica e de reformas estruturais, mas alertou que o progresso não é uniforme.
“Os países africanos continuam a enfrentar desafios como o aumento dos custos de dívida e a diminuição do apoio externo. O foco deve estar em fortalecer a governação, investir em capital humano e melhorar o ambiente de negócios”, sublinhou.
Referindo-se a Moçambique, Harrison afirmou que o país vive um momento crucial, com tensões sociais pós-eleitorais a diminuírem, mas com vulnerabilidades fiscais e externas ainda presentes. Apesar disso, destacou progressos notáveis em matéria de inclusão e digitalização financeira.
De acordo com o Relatório de Inclusão Financeira 2024 do Banco de Moçambique, o número de pontos de acesso financeiro aumentou 37%, impulsionado por agentes não bancários e terminais POS.
Ainda assim, o FMI alerta que persistem lacunas entre o acesso e a utilização efectiva dos serviços financeiros, especialmente nas zonas rurais, devido à fraca infraestrutura e à baixa literacia digital.
“A nova Estratégia Nacional de Inclusão Financeira 2025–2031 reconhece estas realidades e propõe soluções abrangentes, promovendo a digitalização de pagamentos, o uso de QR Codes e a integração de micro-seguros e plataformas interoperáveis”, disse Harrison.
Segundo o Diretor de compliance do Absa Bank Moçambique, Iuri Khan, o sector bancário moçambicano está de boa saúde e tem mostrado avanços significativos na eficiência e no investimento tecnológico, comparativamente a outros países da região.
“O ambiente da banca está bom. Temos feito progressos notáveis em termos de eficiência e modernização. O desafio agora é expandir o acesso e garantir uma melhor prestação de serviços, sobretudo nas zonas mais recônditas”, afirmou Khan.