O poeta, ensaísta e crítico literário Eugénio Lisboa, especialista na obra do escritor José Régio (1901-1969), morreu na manhã desta terça-feira em Lisboa, aos 93 anos.
Segundo uma fonte da editora Guerra & Paz, citada pela Agência Lusa, o autor estava internado no Hospital Curry Cabral, onde morreu de doença oncológica.
Eugénio Lisboa deixa uma vasta obra, desde mais de vinte títulos de ensaio e crítica literária, poesia, diário e memórias, tendo ainda organizado antologias de autores portugueses publicadas no Reino Unido.
Dedicou-se ao estudo da literatura portuguesa, particularmente do Neorrealismo, tendo lançado a primeira obra em 1957, “José Régio. Antologia, Nota Bibliográfica e Estudo”, autor a quem dedicou muito do seu trabalho, seguindo-se, entre outros, “O Segundo Modernismo em Portugal” (1977) e “Poesia Portuguesa: do “Orpheu” ao Neorrealismo” (1980).
Eugénio Lisboa nasceu a 25 de Maio de 1930, na então Lourenço Marques (actual Maputo), em Moçambique. No entanto, em 1947, Eugénio Lisboa foi para a capital portuguesa estudar engenharia eletrotécnica no Instituto Superior Técnico. Obtida a licenciatura e cumprido o serviço militar, regressou a Moçambique em 1955.
Em Lourenço Marques (agora Maputo) desenvolveu uma intensa actividade cultural, na imprensa, no Cineclube e na Rádio Clube. Com Rui Knopfli, amigo de longa data, codirigiu os suplementos literários de jornais desafectos do regime colonial, casos de A Tribuna e A Voz de Moçambique.
Em paralelo, foi gestor de uma petrolífera e professor de Literatura. Deixou Moçambique em Março de 1976 , ano em que foi para França ocupar o cargo de director-geral da Compagnie Française des Pétroles. O ramo petrolífero foi a sua principal actividade profissional durante vinte anos (1958-78), em acumulação com a docência universitária de Literatura Portuguesa, nas universidades de Lourenço Marques (1974-75) e Estocolmo (1977-78). A partir de Maio de 1978 exerceu funções diplomáticas, ocupando durante dezassete anos consecutivos (1978-95) o cargo de conselheiro cultural da Embaixada de Portugal em Londres. Mais tarde, presidiu à Comissão Nacional da UNESCO (1996-98) e foi professor catedrático convidado da Universidade de Aveiro (1995-2000).