O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Akinwumi Adesina, considera que existe necessidade premente para que instituições financeiras disponibilizem significativos recursos para financiar credíveis instituições de media em África, como forma de permitir que seja a própria imprensa africana a informar ao mundo sobre os sucessos que o continente tem estado a alcançar.
Falando em Nairobi, durante uma cimeira de líderes de media africanos, Adesina disse que o desafio mais crítico com que África se confronta é que maior parte da informação sobre o continente é gerada de fora, e procura invariavelmente reforçar antigos estereótipos e percepções negativas.
Acrescentou que apesar dos enormes desafios que o mundo enfrenta, a taxa de crescimento médio em África foi de 3,2 por cento em 2023, acima da média global de 3 por cento, o que, no seu entender, mostra a resiliência das economias africanas, para além de que, de acordo com as projecções do próprio Banco, 11 das vinte economias com a mais rápida taxa de crescimento no mundo estão em África.
Adesina considera ainda que as percepções de risco sobre África são demasiado exageradas, levando os países africanos a pagarem mais pelos seus empréstimos do que seria necessário. A propósito, citou um estudo da Moody’s Analytics cobrindo 14 anos sobre o incumprimento no pagamento de empréstimos para o desenvolvimento de infra-estruturas em diferentes regiões do mundo, que concluiu que África tinha uma taxa de incumprimento de 1,9 por cento, em comparação com 6,6 por cento para a América do Norte, 10 por cento para a América Latina, 12 por cento para a Europa do Leste e 4,3 por cento para o oeste da Ásia. Comparados com outros da América Latina com a mesma classificação de BB-, países africanos pagam mais 1,1 por cento em taxas de juro sobre instrumentos de financiamento que adquirem no mercado.
Um estudo do Pograma das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) concluiu que, se no seu conjunto, os países africanos fossem tratados com transparência e justiça pelas agências de anotação financeira no que diz respeito ao seu nível de risco, poupariam pelo menos 75 biliões de dólares em taxas de juro.
Estas são matérias que jornalistas africanos deveriam investigar, entende Adesina, acrescentando que para atrair ainda mais investimento directo estrangeiro, informação positiva deve ser transmitia sobre África, sem omitir todos os problemas que muitos países no continente ainda enfrentam.
A cimeira de líderes de media africanos tinha como objectivo avaliar a situação em que se encontra o sector da comunicação social em África, abordando questões críticas como o investimento, a implementação de modelos de negócio sustentáveis, a formação, a inovação tecnológica, para além dos desafios que os media em África terão de enfrentar face ao desenvolvimento da Inteligência Artificial, mas também das oportunidades que este novo desenvolvimento tecnológico oferece para a comunicação social.