A divulgação dos ataques em Moçambique de insurgentes filiados ao grupo terrorista Estado Islâmico (EI) nas plataformas “online” é citada numa campanha de desmantelamento de sites de recrutamento, propaganda e radicalização daquele grupo.
“As operações de banimento [dos sites], provavelmente, é a causa da redução drástica do número de canais do Telegram do EI nos últimos meses, o meio mais acessível para as pessoas acederem e partilharem conteúdos relacionados com o conflito no norte de Moçambique e noutros lugares”, escrevem meios de comunicação social europeus.
O desmantelamento de infra-estrutura crítica usada pelo EI para “a propaganda, recrutamento e radicalização” foi anunciado pela European Agency for Law Enforcement Cooperation (EUROPOL), no dia 14 deste mês, avança a imprensa europeia.
A medida resultou de operações conjuntas que começaram em 2022, envolvendo a EUROPOL, a Guardia Civil, da Espanha, e o FBI, dos EUA.
As operações visaram a Fundação Ilham, uma organização filiada ao EI e que se trata de um ramo de rede de páginas de Internet, que actuam como “nó e arquivo” para a disseminação de acções conduzidas por aquela entidade terrorista, publicações e vídeos, através de redes sociais e aplicativos de mensagens.
Esses veículos também têm ligações com formas de contribuições monetárias, que incluem doações através de contas de criptomoeda.
A operação resultou em detenções nos territórios espanhóis de Andalucia, Catalunha e das Ilhas Canárias.
Apelidada Almuasasa, a acção das autoridades visou dezenas de servidores de Internet e páginas de provedores nos Países Baixos, Alemanha, Estónia, Roménia, Islândia e EUA.
Implicações em Moçambique
De acordo com a comunicação social, a operação tem implicações significativas para o EI em Moçambique, porque a rede afectada conseguiu demonstrar as suas ligações e, como resultado, o acesso ao apoio financeiro e técnico.
Mais nocivo ainda, a disseminação de conteúdos através dos meios de comunicação social do EI deu a este grupo a capacidade de moldar a sua narrativa em relação ao conflito em Cabo Delgado, em detrimento do discurso das lideranças locais.
Os canais de Telegram do EI removidos tinham menos de dez membros, cada, escrevem os meios de comunicação social europeus.
A disseminação massiva depende da partilha de conteúdos com mais usuários, através de outras plataformas abertas como X, ex-Twitter, ou em discussões de grupos de moçambicanos em aplicativos como WhatsApp e Telegram, assinalam.
Ao remover os canais de Telegram do EI, o potencial de distribuição para uma elevada audiência em Moçambique reduziu significativamente, referem as notícias sobre a decisão da EUROPOL.
Os meios de comunicação social alertam que não está claro se o Telegram irá manter o EI sem acesso à plataforma.
A empresa tecnológica está em discussões com a UE sobre se está vinculada à Lei de Serviços Digitais de 2022 da organização comunitária.
Por outro lado, o material do EI está disponível “online”, através de sites como Tor.