O Secretário Permanente do Ministério dos Recursos Minerais e Energia, António Manda, considera que o prazo declarado publicamente para a redução da emissão dos gases de efeito de estufa, 2050, pode ser “útil para os países africanos se for adaptado ao contexto e aos desafios destes países”.
Manda, que falava num painel de alto nível sobre a necessidade de uma acção coerente internacional no processo de transição energética, realizado no âmbito do congresso para transição energética em Milão, Itália, argumentou sobre a necessidade de ajustar net zero (zero emissões líquidas de carbono) às necessidades de cada país.
Manda reconheceu a importância da redução da emissão dos gases nocivos ao ambiente, preconizados no Acordo de Paris de 2021, mas argumenta que as metas devem ser “realistas” tendo em conta as actuais “emissões, a estrutura económica e as necessidades de desenvolvimento de cada país”.
No debate destacaram-se o acesso ao financiamento climático, a capacitação de recursos humanos e a transferência de tecnologia como fundamentais para o alcance das metas pelos países em desenvolvimento.
Moçambique tem um potencial energético estimado em 18 GW de fontes hídricas, 180 Tcf de gás natural, mais 25 mil milhões de toneladas de reserva de carvão, 23 000 GW baseados em energia solar e 3.9 GW baseados em energia eólica. O acesso ao financiamento para materializar este potencial vai “suprir as necessidades energéticas internas e consolidar a posição do país como produtor e fornecedor de energias verdes a região Austral de África”.
Estão em desenvolvimento projectos estruturantes como a primeira central flutuante de Chicamba com capacidade de 100MWp, Mphanda Nkuwa, Boroma, Lupata e, através do FUNAE (Fundo de Energia), a construção de centrais fotovoltaicas flutuantes de pequena escala que possam garantir a rápida instalação e fornecimento de energia nas comunidades residentes nas diversas ilhas do país.
No Congresso de Milão, o MIREME (Ministério dos Recursos Minerais e Energia) reafirmou o seu papel de facilitador da transição energética global através do gás, de ser um centro de energia renovável para a região da África Austral e possibilitar a sua própria transição energética.
Participaram no painel de alto nível, os Ministros das áreas dos Recursos Minerais do Azerbaijão, Paquistão, Serra Leoa e Gana.
Ainda no contexto da conferencia, os governantes tiveram um encontro a porta fechada com o antigo primeiro-ministro britânico, Tony Blair, e o antigo secretário de Estado norte-americano John Kerry, sobre o financiamento a energia de transição nos países emergentes.
O congresso de Milão sobre Transição Energética global realiza-se, de 1 a 4 de Julho. Reúne os principais tomadores de decisão, líderes de pensamento e inovadores de toda a cadeia de valor energético para troca de conhecimento e apresentação de soluções de baixo carbono e tecnologias de descarbonização que moldarão o futuro da transição energética em todo o mundo.