O economista Roberto Tibana acusou, nesta segunda-feira, os partidos políticos, de falta de seriedade nos seus manifestos eleitorais, principalmente no assunto ligado à agricultura, actividade económica e de sustento familiar e considerada base para o desenvolvimento do país. Da avaliação que fez aos manifestos políticos e a tudo que os candidatos, partidos e outros concorrentes disseram ao longo dos cerca de 45 dias de campanha eleitoral, Tibana diz ter chegado à conclusão de que os políticos não tiveram e não têm capacidade analítica sobre o desenho de políticas que possam sustentar e garantir implementação de técnicas agrárias.
“Os partidos não tomaram a sério o assunto da agricultura como base para o desenvolvimento, tomando em consideração a incapacidade analítica nas políticas de implementação de conhecimento sobre técnicas agrárias”, acusou Roberto Tibana.
O economista falava durante o seminário de reflexão sobre os manifestos eleitorais, organizado pelo Observatório do Meio Rural (OMR), cujo lema foi: “Será a agricultura (ainda) a base para o desenvolvimento? Um olhar sobre os manifestos eleitorais 2024”.
Neste contexto, Tibana acrescenta que os partidos políticos precisam trazer, de forma detalhada, a informação relacionada com os moldes em que vão ser implementadas as suas políticas de incentivar a agricultura. Esta postura ajudaria a sair-se do que Tibana simplesmente considerou “enganar o povo”.
“`Os partidos precisam trazer dados concretos sobre como vão resolver este problema do povo, e as pessoas poderem fazer a escolha concreta e não serem enganadas, pois o manifesto é para negociar com o eleitor e não com outros partidos. E como é para negociar com o eleitor tem que ser mais específico” – explicou.
Sugeriu, por isso, que os partidos precisam, a partir de já, procurem dispor de gabinetes de estudos e integrar os vários intelectuais que existem no aparelho do Estado existem. Esta abordagem foi direccionada ao partido no poder, a Frelimo, tendo em que é ela que, desde 1975, controla a máquina do Estado.
“O partido no poder, por exemplo, não pode, não tem nenhum direito (de ainda não ter um plano específico do manifesto), porque o partido no poder tem praticamente todos os intelectuais que estão no aparelho do Estado, a esses poderia usá-los, ao contrário de usar os carros e outros bens do Estado. Com 50 anos de governação devia já conseguir dizer ao eleitor que nós fizemos isto e vamos fazer aquilo”, sugeriu Tibana, exigindo outra forma de abordar o sector agrícola no país.
Para ele, a colocação que faz não representa e nem corresponde ao que se pode chamar “exigir muito”. É, isso sim, “exigir somente um pouco de seriedade, pois, o manifesto tem que ter o mínimo de concretização”.
Diante de vários desafios, por agora Tibana pede somente que se olhe para as zonas rurais e criar-se condições que possam possibilitar que pequenos grupos de camponeses tenham acesso a activos e tornar a agricultura de pequena escala mais competitiva e sustentável, como também diversificar as fontes de rendimentos.
(Viriato Simbine)