A polícia moçambicana lançou gás lacrimogénio em vários pontos da Cidade de Maputo para dispersar cidadãos que se preparavam para participar numa manifestação convocada para protestar contra o assassinato do advogado do PODEMOS, Elvino Dias, e do mandatário deste partido, Paulo Guambe, na madrugada de Sábado.
A manifestação estava programada para as 09,00 horas no local onde as duas figuras foram assassinadas com 25 balas, por indivíduos até aqui desconhecidos. Mal os manifestantes começaram a chegar, a polícia também se fez ao local, dispersando todos os presentes.
Venâncio Mondlane chegou tardiamente ao local, tendo afirmado que o seu atraso se devia ao facto de a sua residência ter estado cercada pela polícia, e que ele tinha levado mais de uma hora à procura de encontrar uma forma de se escapar sem ser visto.
Quando Venâncio Mondlane encontrava-se a dar uma conferência de imprensa, a polícia aproximou-se do local e disparou mais gás lacrimogénio, causando a dispersão dos jornalistas, enquanto apoiantes de procuravam proteger o seu líder. Um jornalista de uma televisão local foi ferido na perna na sequência do ataque policial.
Na Avenida Vladimir Lenine, no Bairro da Polana Caniço, arredores da Cidade de Maputo, a polícia também dispersou manifestantes que ali se encontravam para participar na manifestação, mas estes regressaram logo depois que a polícia se retirou do local.
Venâncio Mondlane, que concorreu ao cargo de Presidente da República, nas eleições gerais de 9 de Outubro apoiado pelo PODEMOS, reivindica vitória, e acusa os órgãos de administração eleitoral de estarem a apresentar resultados falsos, destinados a dar vitória à Frelimo e ao seu candidato presidencial, Daniel Chapo.
A convocar a manifestação, na semana passada, antes da morte de Dias e de Guambe, Venância Mondlane tinha instruído os seus apoiantes apenas a manterem-se em casa, mas depois da ocorrência do duplo homicídio decidiu que os manifestantes deveriam deslocar-se ao local, onde iriam exibir alguns cartazes manifestando o seu repúdio.
Sem ter ainda dados específicos, Venâncio Mondlane disse que a manifestação desta Segunda-Feira, que decorreu também em várias partes do país, tinha tido um sucesso de 95 por cento.