Depois da interrupção feita a 24 de Dezembro passado, devido aos conflitos pós-eleitorais, a Montepuez Rubi Mining (MRM), que opera a maior mina de rubis de Moçambique, confirmou, nesta terça-feira, que já retomou as suas actividades.
“Posso confirmar que a actividade mineira está a decorrer e que a situação nas comunidades vizinhas da mina parece calma. Continuamos vigilantes e esperançosos na paz em Moçambique”, afirmou uma fonte da Gemfields, sócia maioritária da MRM.
A interrupção foi decidida após a deterioração das condições de segurança na área da mina. A companhia lembra que no dia 24 de Dezembro “mais de 200 pessoas tentaram invadir” a vila da MRM, destruindo e incendiando várias infraestruturas.
Nesta escalada de violência, a intervenção da Polícia e militares que garantem a segurança no local levou à morte de duas pessoas no local.
De acordo com a MRM, algumas das 500 pessoas que trabalham na área foram deslocadas para outros locais a partir de 26 de Dezembro, por questões de segurança, dois dias depois da interrupção das actividades na mina.
Anteriormente, a MRM também confirmou que no mesmo período a aldeia vizinha de Wikupuri, construída pela mineradora, foi atacada por alegados manifestantes, com saques e destruição.
A MRM, uma empresa maioritariamente de capitais britânicos (Gemfields, 75%), é detida em 25% pela Mwiriti, uma empresa do general na reserva e influente membro da Frelimo, Raimundo Pachinuapa, da poderosa etnia Makonde, de Cabo Delgado. Samora Machel Júnior, filho do primeiro presidente independente de Moçambique, Samora Machel, é o presidente do Conselho de Administração da MRM. Dados da Gemfields indicam que a exploração de rubis na mina da MRM rendeu, desde 2012, mais de mil milhões de dólares.
Moçambique vive desde o passado dia 23 de Dezembro, uma nova vaga de tensão, despoletada após a proclamação, pelo Conselho Constitucional (CC), dos resultados finais das eleições gerais, que confirmaram a vitória de Daniel Chapo, candidato da Frelimo, como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar.
Este anúncio provocou um caos total em todo o país, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane, que obteve apenas 24% dos votos, a montarem barricadas nas ruas, que resvalaram para violência e saques.