O coordenador executivo do Gabinete de Reformas e Projectos Estruturantes, João Osvaldo Machatine, entende que a discussão sobre a problemática envolvendo o custo das portagens no país tem de ser feita de forma integrada, colocando na mesma linha de abordagem a questão relativa às tarifas cobradas e os reais rendimentos da população moçambicana.
Para este dirigente, que foi empossado, nesta segunda-feira, pelo Chefe de Estado, Daniel Chapo, só uma discussão integrada e de forma simultânea é que vai oferecer, ao país, a melhor forma de discutir os caminhos, para que haja justeza na forma como o assunto deve ser encaminhado e resolvido.
“É preciso equilíbrio entre tarifas e renda dos cidadãos. Até podemos ter as portagens com preços justos que são, mas se as pessoas, se a população não tem a renda suficiente, aquele preço que julgamos adequado para a manutenção de estradas não condiz com a capacidade das populações. Portanto, não é só olhar as portagens de forma isolada, é preciso olhar toda a cadeia que concorre para o aumento de renda, que concorre para o bem-estar das populações, desde habitação, emprego, educação e saúde”, disse Machatine, para quem “tudo isto tem que ser colocado no mesmo pacote, analisado porque se olharmos as coisas de uma forma isolada, podemos estar a resolver um aspecto e prejudicar outro”.
Até porque na visão de Machatine, as manifestações em curso desde Outubro de 2024 são uma demonstração desta realidade e ainda da realidade que é o mundo e a cidadania na actualidade. Ou seja, porque as pessoas estão dotadas de conhecimento e competências para poder exigir e cobrar a quem governa, nada resta a estes últimos senão correr atrás de soluções que sejam duradoiras e sustentáveis no que concerne à criação do que se considera “bem-estar” da população.
É, pois, por isso, que a abordagem das reformas tidas como profundas apresenta-se como uma real necessidade, tendo em conta o seu potencial na resolução de muitos problemas com os quais o país actualmente se debate, a exemplo da necessidade de Moçambique apresentar-se como um país efectivamente estável para atrair investimentos nacionais e estrageiros e, por essa via, garantir que a resolução de questões ligadas à falta de produção e ao desemprego.